Cinco irmãos precisam dividir único celular da família para assistir aulas virtuais em Palmas

 

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Cerca de 60% dos estudantes de Palmas sofrem com a falta de acesso a tecnologia

Pelo menos 60% dos alunos matriculados na rede municipal de ensino em Palmas não têm acesso regular às plataformas digitais que estão sendo utilizadas para o ensino remoto. Esse é o caso da Helena Rodrigues que tem cinco filhos em idade escolar. Eles precisam se revezar para assistir as aulas em um único celular e nem sempre a mãe tem dinheiro para contratar um pacote de internet.

“Tem que se virar de qualquer jeito. Eu ensino eles, os mais pequenos, as vezes as meninas ensina também. Esses dias elas estão sem receber as tarefas delas, mas vão começar a entrega, para as duas maiores. Aí vai precisar de internet, telefone para poder estudar”, disse.

Os filhos da Helena Rodrigues têm idades entre 2 e 14 anos e estão matriculados em três escolas diferentes: duas municipais e uma estadual. A mulher está desempregada há três meses e a família tem sobrevivido com R$ 247 do Bolsa Família, além de algumas cestas básicas que recebe.

Assistir as aulas pelo celular é difícil e ela ainda precisa ir de bicicleta buscar os materiais nas três escolas. Outra dificuldade é conseguir ensinar, pois a mãe só fez até o quinto ano do ensino fundamental, a mesma série que a filha Emilly, de 11 anos, está cursando.

Na maioria das vezes é a menina que ensina os irmãos menores. “Até que ensino um pouco, mas eles querem brincar, correr na rua. Aí eu não deixo não eles têm que estudar”, disse a menina.

Irmãos precisam dividir o mesmo celular para assistir aulas — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Irmãos precisam dividir o mesmo celular para assistir aulas — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Na rede municipal Palmas são 43 mil alunos, sendo 32 mil no ensino fundamental. Segundo a Secretaria de Educação 60% desses alunos não têm acesso às aulas remotas.

“Sabemos que nesse momento é um desafio imenso para as famílias porque estão assumindo uma parte do trabalho de um professor em tempos normais de aula, mas nós fazemos esse apelo às famílias que é extremamente importante esse acompanhamento, fazer a retirada do bloco [de atividades], a devolução conforme o cronograma da unidade educacional e também buscarem o acompanhamento dos professores nos canais de comunicação entre a escola e a família”, disse a superintendente de avaliação de desempenho educacional Anice Moura.

Na zona rural de Palmas as crianças estão recebendo o material em casa, mas na cidade isso não é possível. Para o doutor em educação Damião Rocha, sem dúvidas a pandemia vai deixar impactos na aprendizagem.

“Analistas dizem que nós poderemos levar até duas décadas para corrigir essa exclusão. Antes da pandemia nós já tínhamos diversas desigualdades regionais, inclusive na distorção idade série, que a pandemia acirrou mais ainda. É necessário que o poder público, que tem a incumbência no regime de colaboração, coordenar uma política nacional de educação”, analisou.

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