ROMBO NO PREVIPALMAS ONDE FICA AMASTHA?Governador do RS rompe contrato do Cais Mauá e complica ainda mais investimento de R$ 58 mi do PreviPalmas

 

Governador do RS rompe contrato do Cais Mauá e complica ainda mais investimento de R$ 58 mi do PreviPalmas

Principal argumento é que, quase nove anos depois, as obras sequer foram iniciadas

Complicou ainda mais a situação dos investimentos do PreviPalmas investigados pela CPI da Câmara. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou nesta quinta-feira, 30, o rompimento do contrato com a Cais Mauá do Brasil, em Porto Alegre (RS). A empresa era a responsável pela revitalização do cais que leva o mesmo nome e que recebeu R$ 58 milhões do fundo de Previdência dos servidores de Palmas, o PreviPalmas. Na prática, a decisão acaba com a licitação e o processo recomeça da estaca zero,  inclusive com a necessidade de nova licença.

Ao lado do procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa, e de representantes da Secretaria dos Transportes, Leite definiu prazo de 15 dias para os técnicos analisarem a proposta dos grupos Tornain e DCSet Produções de revitalizar a área próxima à Usina do Gasômetro – projeto batizado de Embarcadero. A modelagem de um novo projeto de ocupação de toda a área deverá ser feita pelo BNDES.

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Conforme o governo gaúcho, a decisão tem como base estudos realizados pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e pelo grupo de trabalho criado por Leite no início do governo, composto por integrantes da Secretaria de Logística e Transportes e da Superintendência dos Portos do Rio Grande do Sul, a partir de dois marcos legais – a lei 8.666/93 (Lei das Licitações) e a Resolução da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) nº 55/02.

Ambos os pareceres recomendaram ao governador rescindir com a Cais Mauá do Brasil (CMB), alegando que o consórcio cometeu seis infrações contratuais (veja abaixo), foi notificado oficialmente para que se defendesse e, ainda assim, não negou o descumprimento de suas obrigações.

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Obras sequer foram iniciadas
A CMB venceu a licitação em outubro de 2010 e assinou, no mês seguinte, contrato para administrar e revitalizar o Cais Mauá mediante arrendamento por 25 anos. O principal argumento em favor do rompimento é que, quase nove anos depois, as obras sequer foram iniciadas. Além da desobediência dos prazos, a CMB não realizou a manutenção dos armazéns históricos.

Paralelamente aos trâmites de encerramento do contrato com a CBM, Leite dará início aos estudos para uma nova modelagem de projeto para o espaço e também encaminhará ao Ministério da Infraestrutura e à Antaq o pedido para desvincular o cais da chamada “poligonal portuária”, que considera formalmente a área como zona de porto e os vincula à União.

Outra medida encaminhada pelo governador diz respeito à criação de uma força-tarefa para, em 15 dias, analisar projeto do Embarcadero. Apresentada por um grupo de investidores do consórcio, a proposta é de, em um curto prazo, realizar obras em um trecho menor do complexo, próximo à Usina do Gasômetro, construindo área de lazer, gastronomia e restaurante. (Com informações do governo do Rio Grande do Sul)

Em síntese, as infrações apontadas pela PGE e pelo grupo de trabalho:

1. Ausência de obras relevantes e descumprimento de prazos. Nem o projeto executivo, que deveria ter sido entregue em, no máximo 120 dias a partir da assinatura do contrato, foi apresentada até agora. Só foi apresentado o projeto executivo referente à reforma dos Armazéns (Fase I). Quanto aos demais Setores do Complexo, não houve apresentação das licenças nem do projeto executivo.

2. Não atendimento da qualificação econômico-financeira. Em 2017, o patrimônio líquido da Cais Mauá já era negativo, sendo que o contrato exige que, durante toda a execução do contrato, o consórcio comprove patrimônio líquido de, no mínimo, RS 9 milhões. A própria empresa alegou que não conseguiu executar as obras licenciadas da primeira fase por falta de dinheiro.

3. Não pagamento do arrendamento, que já passa de R$ 6,7 milhões. A empresa pediu suspensão dos pagamentos e perdão da dívida acumulada, por não ter obtido receitas em mais de oito anos.

4. Não obtenção de licenças. O projeto contempla dois setores. A empresa sequer obteve licenciamento para as obras do Setor 1 (Gasômetro). Em relação ao Setor 2 (armazéns e docas), após mais de oito anos, obteve licenciamento apenas para a parte dos armazéns. Além disso, parte das licenças concedidas já está com o prazo de validade expirado.

5. Falta de manutenção dos armazéns, especialmente do A e do B. A situação foi atestada pela equipe de fiscalização do contrato, que notificou a empresa. O descumprimento do contrato, neste ponto, está criando potencial risco à integridade física das pessoas que circulam pelos arredores.

6. Problemas de vigilância. A ausência de controle de ingressos e o pouco zelo com a segurança do patrimônio público histórico são violações contratuais de forma a manter a conservação dos bens públicos entregues aos cuidados do consórcio.

 

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