O que a turma da Lava Jato pensa sobre o novo comando da PF
A avaliação dos investigadores sobre os nomes escolhidos pelo futuro governo tem um elemento surpreendente
atualizado 23/12/2022 7:07
Até aí nenhuma surpresa, uma vez que, em caso de vitória do petista, já estava de certo modo precificada a caça às bruxas aos investigadores que o levaram à prisão.
Novidade mesmo é a avaliação que o núcleo duro da operação faz dos nomes anunciados até aqui para dirigir a PF. Nos bastidores, a turma tem feito elogios generosos ao futuro diretor-geral, Andrei Rodrigues, tido como um competente administrador, e a outros delegados anunciados para ocupar postos de comando.
No MJ, um inimigo
Se Rodrigues e sua equipe são vistos com bons olhos, o mesmo não pode ser dito em relação ao advogado Augusto de Arruda Botelho, escolhido para chefiar a Secretaria Nacional de Justiça, um dos principais braços do Ministério da Justiça.
As críticas ao nome de Botelho derivam do seu histórico de engajamento contra a Lava Jato — primeiro como advogado da Odebrecht, quando tentou desconstruir as apurações que envolviam a empreiteira, e depois como integrante do Grupo Prerrogativas, cuja articulação foi decisiva para virar o jogo em favor de vários dos investigados.
Embora não tenha ascendência direta sobre a PF, a SNJ é uma peça importante do aparelho estatal de investigação, especialmente a que envolve figuras poderosas e esquemas complexos de lavagem de dinheiro, porque é sob sua estrutura que estão, por exemplo, os instrumentos de intercâmbio de informações com órgãos estrangeiros — algo vital na megaoperação que mapeou o esquema de corrupção na Petrobras e em outras áreas da máquina federal.