Polícia Federal prende suspeitos de mandar matar Marielle Franco

2:12 Polícia Federal prende suspeitos de mandar matar Marielle Franco

Polícia Federal prende suspeitos de
mandar matar Marielle Franco
Aguirre Talento, Ana Paula Bimbati, Lorena Barros e Saulo Pereira
GuimarãesDo UOL, em Brasília, em São Paulo, e no Rio
24/03/2024 07h07 Atualizada em 24/03/2024 11h47
A Polícia Federal prendeu na manhã de hoje os suspeitos de serem os
mandantes da morte da vereadora Marielle Franco.
O que aconteceu
Os irmãos Chiquinho Brazão, deputado federal; e Domingos Brazão,
conselheiro do TCE-RJ, além de Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil
do RJ, foram presos. Eles serão transferidos para Brasília.
Chiquinho e Domingos foram presos por suspeita de serem “autores
intelectuais” dos homicídios. Eles são apontados pela PF pelos assassinatos de
Marielle e do motorista Anderson, assim como pela tentativa de homicídio da
assessora de Marielle, Fernanda Chaves, que também estava no carro no dia do
crime. Já Rivaldo foi detido por obstrução de Justiça, apurou o UOL.

Além dos três mandados de prisão, 12 de busca e apreensão são cumpridos
— todos na cidade do Rio de Janeiro. A investigação confirmou buscas
contra o ex-titular da Delegacia de Homicídios, Giniton Lages, além de Marcos
Antônio de Barros Pinto e Erika de Andrade de Almeida Araújo. A PF não
revelou o grau de envolvimento deles. A motivação do crime também não foi
informada. A reportagem tenta contato com os envolvidos.
Jamil Chade
Marielle pautou
agenda externa do
Brasil
Fernanda
Magnotta
24/03/2024, 12:12 Polícia Federal prende suspeitos de mandar matar Marielle Franco

Viaturas da Polícia Federal chegaram à sede da corporação com
malotes. Advogados também compareceram ao local, mas eles não quiseram
confirmar se têm relação com o caso. Os três presos deverão ser encaminhados
ainda hoje para o sistema penitenciário federal de Brasília.
A PF chamou Monica Benício, viúva de Marielle, e Ágata Arnaud para
explicar a operação. Agata é viúva do Anderson. Ela disse a irmã que estava
nervosa e a família aguarda um desfecho da situação.
A defesa de Domingos nega envolvimento do conselheiro do TCE no crime.
“Ele não tem ligação com a Marielle politicamente, não a conhecia”, disse o
advogado Ubiratan Guedes.
O advogado da Associação dos Delegados, Alexandre Dumans, disse que a
prisão de Rivaldo foi recebida com “surpresa”. Ele não foi constituído para
fazer a defesa do ex-chefe da Polícia Civil, mas afirmou que será assim que
tiver contato com Rivaldo.
“Minha função é tentar ver o que está acontecendo e tentar obter a
liberdade em um momento oportuno”, afirmou Dumans. Ele disse à
imprensa que não teve contato com Rivaldo por ordem da PF.
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O UOL tenta contato com a defesa dos outros nomes confirmados na operação
de hoje.
Operação após delação
Delação de Ronnie Lessa, acusado de ser o executor do crime, apontou
Chiquinho como mentor. A citação motivou a mudança do caso do Superior
Tribunal de Justiça para o Supremo Tribunal Federal.
Chiquinho negou envolvimento após ser apontado por Lessa. Após a
delação do ex-PM, ele afirmou que “tinha a mesma posição política que
Marielle”. Ele também questionou a delação afirmando que era o “relato de um
criminoso”.
Domingos, por sua vez, disse que não lembrava quem era Marielle. “Não
conhecia e não me lembro da vereadora, nem como assessora do Freixo”,
informou.
Família da Marielle comenta prisões
A ministra Anielle Franco afirmou que a operação “é mais um grande
passo” para chegar as respostas do caso. “Só Deus sabe o quanto sonhamos
com esse dia”, escreveu a irmã de Marielle.

Marielle tinha relação de confiança com Rivaldo, informou mãe. Segundo
ela, o ex-chefe da polícia preso hoje disse que a resolução do assassinato era
uma “questão de honra” para ele.
Quem são os presos
Domingos Brazão
Político carioca, Domingos Inácio Brazão, 59, foi assessor na Câmara
Municipal do Rio de Janeiro. Depois, vereador, entre 1997 e 1999, pelos
partidos PT do B (atual Avante) e PL.
Foi eleito deputado estadual em 1999 e ocupou o cargo até
2015. Posteriormente, virou conselheiro do Tribunal de Contas do Estado
(TCE-RJ). O órgão é auxiliar do Poder Legislativo e tem como função
fiscalizar a movimentação financeira do estado.
Uma reportagem do UOL, em 2019, contava que ele era chefe de um
clã cujo reduto eleitoral abrangia bairros da zona oeste do Rio dominados
por milícias. Domingos nasceu na região, no bairro de Jacarepaguá.
Chiquinho Brazão
Já Chiquinho Brazão (União-RJ) foi eleito pela primeira vez em 2018. É
deputado federal e tem uma atuação parlamentar discreta. Relatou somente oito
projetos.
O setor mais presente na atuação parlamentar de Chiquinho é a
economia. Há três projetos relativos ao tema que estão sob relatoria do
deputado.
Rivaldo Barbosa
Só deus sabe o quanto sonhamos com esse dia! Hoje é mais um grande passo
para conseguirmos as respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos:
quem mandou matar a Mari e por quê?
Anielle Franco, irmã de Marielle
A luta por verdade e justiça por minha mãe, Marielle Franco, segue firme. Sua
voz nunca será silenciada.
Luyara Franco, filha de Marielle

24/03/2024, 12:12 Polícia Federal prende suspeitos de mandar matar Marielle Franco
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2024/03/24/prisao-suspeitos-morte-marielle.htm 4/4
Rivaldo Barbosa também foi citado na delação de Lessa. Ele tornou-se
chefe da polícia um dia antes da morte de Marielle. Ele foi anunciado para o
cargo em 22 de fevereiro, durante intervenção federal no Rio, e empossado em
13 de março de 2018.
Suspeito de receber propina para obstruir investigações. Em relatório
enviado ao Ministério Público em 2019, a Polícia Federal apontou Rivaldo
como suspeito de receber R$ 400 mil para evitar o avanço das investigações
sobre autoria. Na ocasião, ele negou o recebimento de propina e a obstrução do
caso.
Delação homologada
A homologação da delação de Ronnie Lessa foi anunciada pelo Ministério
da Justiça. O ministro Ricardo Lewandowski afirmou que não teve acesso ao
conteúdo e que o caso tramita em segredo de Justiça.
Processo está nas mãos de Alexandre de Moraes. Lewandowski afirmou que
resultados sobre o que foi apurado devem ser divulgados “muito em breve”.
Assassinato completou seis anos em 2024
Homenagem a Marielle Franco em São Paulo
Imagem: 14.mar.2020-Amanda Perobelli/Reuters

Famílias Bolsonaro e Brazão têm muito em comum: ligação com a milícia e terrenos na zona oeste do Rio

Intercept Brasil antecipou que Ronnie Lessa apontou Domingos Brazão como mandante da morte de Marielle Franco, na agora homologada delação. Famílias Brazão e Bolsonaro possuem trajetórias semelhantes.

joão filho


Arte mostra Chiquinho e Domingos Brazão ao lado de Jair e Flávio Bolsonaro. Legenda. Ilustração: Intercept Brasil

NESTA SEMANA FOI HOMOLOGADA no STF a delação premiada do miliciano Ronnie Lessa, apontado como  assassino de Marielle Franco e Anderson Gomes. Como havia adiantado o Intercept Brasil em janeiro, a delação aponta como mandante do crime Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.

Nesta semana, Guilherme Amado, do site Metrópoles, trouxe a informação que Ronnie Lessa também teria mencionado o nome do deputado federak Chiquinho Brazão, irmão de Domingos, na delação.

No depoimento à Polícia Federal, Ronnie Lessa, apontado como matador de aluguel do Escritório do Crime, contou detalhes das reuniões feitas com os irmãos Brazão para o planejamento do assassinato da vereadora.

Forneceu também uma série de indícios e provas sobre a participação dos mandantes do crime. Segundo ele, Marielle se tornou um alvo porque se opunha aos interesses da exploração imobiliária comandada pelas milícias ligadas à família Brazão na zona oeste do Rio de Janeiro.

Quando Chiquinho era vereador, foi presidente da Comissão de Assuntos Urbanos e legislou em causa própria ao permitir a regularização e parcelamento do solo em áreas dominadas pela milícia. Os irmãos Brazão pretendiam regularizar um condomínio inteiro na região de Jacarepaguá sem respeitar o critério de área de interesse social. O objetivo era conseguir o título de propriedade para especulação imobiliária. Marielle, por outro lado, defendia a ocupação de terrenos por pessoas de baixa renda e reivindicava que o processo fosse acompanhado por órgãos da Defensoria Pública do Rio.

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Apesar do burburinho nas ruas e redes sociais, não há qualquer indício que ligue diretamente a família Bolsonaro ao assassinato de Marielle. Qualquer insinuação nesse sentido seria uma leviandade.

Mas nunca é demais reforçar a natureza da formação política da família Bolsonaro, os caminhos que a fizeram alcançar a Presidência da República e suas conexões obscuras com o crime organizado. As ligações políticas, financeiras e pessoais dos Bolsonaros com Lessa e os integrantes da família Brazão são fortes e indiscutíveis.

Apontar a proximidade do Bolsonaro com os mandantes e o executor do homicídio da vereadora não é uma ilação, mas a mera constatação dos fatos. Vejamos. Ronnie Lessa era um dos matadores de aluguel do Escritório do Crime, grupo liderado por Adriano da Nóbrega, assassinado em fevereiro de 2020 .

Ambos passaram pelo curso de formação  do Bope ao mesmo tempo em que atuavam paralelamente como seguranças de famílias de bicheiros do Rio de Janeiro. Apesar  de disputarem entre si o título de melhor matador profissional do Rio de Janeiro, Lessa e Nóbrega com frequência se uniam para eliminar alvos em comum. A relação dos ex-policiais com com a família Bolsonaro vem desde essa época.

Como se sabe, Flávio Bolsonaro empregou em seu gabinete a mãe e a esposa de Adriano. Quando ele foi assassinado, o então presidente Jair Bolsonaro o chamou de “herói”.

Ronnie Lessa morava no mesmo condomínio do ex-presidente e os filhos dos dois chegaram a namorar. Em 2009, ele perdeu uma perna durante um atentado a bomba enquanto trabalhava como segurança do bicheiro Rogério de Andrade.

As famílias Bolsonaro e Brazão se elegeram para vários cargos, atuam na zona oeste do Rio e mantêm ligações umbilicais com a milícia.[//pullquote]

Sabe qual político intercedeu na  Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação do Rio de Janeiro para que o atendimento do criminoso fosse priorizado?  Ele mesmo, o então deputado Jair Bolsonaro.

Apesar de tudo isso, Lessa nega conhecê-lo pessoalmente. Acho difícil que isso seja verdade, mas mesmo que seja, é impossível negar o fato de que os dois fazem parte do mesmo entrelaçamento que une as milícias à política.

A proximidade e as semelhanças dos Bolsonaros com a família Brazão são ainda mais claras. São famílias de políticos que se elegem para vários cargos ao mesmo tempo, atuam tradicionalmente na zona oeste do Rio de Janeiro e mantêm ligações umbilicais com a milícia da região.

Flávio Bolsonaro e Chiquinho Brazão chegaram a subir juntos num carro de som em uma carreata eleitoral para apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro, em 2022. Além de fazerem campanhas políticas juntos, Flávio e Chiquinho mantiveram negócios imobiliários associados com milícias na zona oeste do Rio de Janeiro.

Ambos compartilham do interesse pela especulação imobiliária irregular na região. Como apontou o Intercept em 2020, documentos do Ministério Público do Rio de Janeiro revelaram que Flávio Bolsonaro usou dinheiro da rachadinha feita em seu gabinete para financiar a construção ilegal de prédios pela milícia.

Queiroz, então chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro e amigão de Lessa e de Nóbrega, confiscava 40% dos salários dos funcionários do gabinete e repassava para o Escritório do Crime. Segundo o inquérito, o lucro com a venda dos prédios seria dividido com Flávio Bolsonaro. Foi justamente essa investigação do MP que motivou o ex-presidente Jair Bolsonaro a pressionar o ex-ministro Sergio Moro pela troca do comando da Polícia Federal no Rio e em Brasília.

Lembremos que o que motivou o assassinato de Marielle foram justamente os negócios imobiliários irregulares nessa mesma região do Rio de Janeiro. A vereadora representava uma pedra no sapato daqueles que lucravam alto com a especulação imobiliária ilegal.

Mesmo não havendo qualquer indício do envolvimento de Flávio Bolsonaro com o crime, é fato que ele seria um dos beneficiários. Afinal de contas, assim como os irmãos Brazão, ele lucraria com a venda de prédios construídos com a verba pública que saiu de dentro do seu gabinete. Lembremos também que a Abin de Bolsonaro monitorou ilegalmente os passos da promotora do caso Marielle. O que teria motivado isso?

O assassinato de Marielle caminha para ser solucionado completamente. O país precisa conhecer a fundo os detalhes, os personagens e as circunstâncias que levaram uma associação entre políticos e milicianos a assassinar uma vereadora de esquerda que lutava pelos direitos dos mais pobres.

É fundamental que se puxe o fio completo da trama, porque ela ajuda a explicar o Brasil de hoje e a ascensão dos reacionários associados ao crime organizado ao poder.

URGENTE! O Intercept está na linha de frente na luta por justiça pelo brutal assassinato de Marielle Franco.

Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, é apontado como mandante desse atentado. Revelamos que Ronnie Lessa, ex-policial militar envolvido, delatou, mas a homologação pelo STJ enfrenta obstáculos devido ao foro privilegiado de Brazão.

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