A CIÊNCIA TEM UM COMPONENTE ESPIRITUAL PROFUNDO’, DIZ MARCELO GLEISER

A CIÊNCIA TEM UM COMPONENTE ESPIRITUAL PROFUNDO’, DIZ MARCELO GLEISER

Em entrevista, premiado físico discute os limites da ciência e da religião e o futuro da ciência no Brasil
Marcelo Gleiser: físico brasileiro é pesquisador da Faculdade de Dartmouth, nos Estados Unidos Foto: Dartmouth College / Eli Burakian
Marcelo Gleiser: físico brasileiro é pesquisador da Faculdade de Dartmouth, nos Estados Unidos Foto: Dartmouth College / Eli Burakian

A união ou separação da ciência e da religião provoca discussões acaloradas na comunidade científica há pelo menos um século, e elas têm sido adotadas pelo grande público também. Especialista no tema, o físico brasileiro Marcelo Gleiser é pesquisador da prestigiosa Faculdade de Dartmouth, nos Estados Unidos, e tem uma série de livros publicados, pelos quais já recebeu dois Jabutis. No início deste ano, ele foi o primeiro latino-americano a receber o prêmio Templeton, dado a quem “deu uma contribuição excepcional para afirmar a dimensão espiritual da vida”.

Em visita ao Rio de Janeiro, onde falou em palestra na Casa Firjan, Gleiser acaba de lançar seu mais recente livro, “O Caldeirão Azul”, uma reunião de artigos publicados em diversos veículos. Nele, o cientista discute como a ciência e a religião não são áreas excludentes; fala críticamente sobre as chamadas “teorias de tudo” e sobre a divulgação científica em geral. Em conversa com o site da ÉPOCA, Gleiser discute os temas do livro e comenta sobre o estado atual da ciência no Brasil.

Em seu novo livro, “O Caldeirão Azul”, você diz que a religião e a ciência não são excludentes. Você pode elaborar mais sobre essa relação?

A percepção tradicional é de que ciência e religião são duas coisas completamente diferentes. De que a ciência tenta entender como funciona o mundo e a religião fala sobre o espírito do homem e questões existenciais, morais e de valor. Mas não é bem assim, e eu não sou o primeiro a falar isso. Talvez apenas toque no assunto de maneira mais contundente. Para citar um nome famoso, o Einstein dizia que o questionamento científico é o engajamento com o Mistério, de M maiúsculo. O que ele queria dizer com isso?

Essencialmente, é a ideia de que enxergamos uma parte muito pequenininha do mundo. Quando vemos as nuvens, o céu e as árvore, por exemplo. E o que a ciência faz é tentar ampliar essa nossa visão do que é o mundo. É uma viagem ao desconhecido, ao que a gente ainda não conhece.

Cientistas em laboratório de química na Universidade de Sorbonne, Paris. Fotografia tirada por volta de 1890 Foto: ND / Roger Viollet via Getty Images
Cientistas em laboratório de química na Universidade de Sorbonne, Paris. Fotografia tirada por volta de 1890 Foto: ND / Roger Viollet via Getty Images
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