O ex-governador Marcelo Miranda (MDB) é um dos indiciados por peculato e concurso de pessoas (quando alguém participa de um crime também recebe as penas aplicadas) no inquérito deu origem à Operação Catarse, que a Polícia Civil deflagrou, em 2018, para apurar a atuação de “servidores fantasmas” que recebiam, mas não trabalhavam no governo estadual.

A investigação concluída e encaminhada ao Ministério Público Estadual para denúncia, nesta quinta-feira,6, é o caso da enfermeira Alciany Chaves de Melo Feitoza, 38 anos, indiciada 20 vezes por peculato (furto).  Ela é apontada como fantasma na gestão do ex-governador porque estudava medicina no Paraguai enquanto esteve lotada no Hospital Regional de Araguaína, onde recebia adicional de insalubridade, e depois na secretaria geral de governo, sem nunca ter assinado frequência, segundo o relatório final assinado pelo delegado José Anchieta de Menezes Filho, titular da Delegacia Especializada em Investigações Criminais de Araguaína (DEIC-Norte), de Araguaína.  Com salário que variou entre R$ 3,9 mil em julho de 2017 e R$ 4 mil em março deste ano, a Polícia Civil aponta desvio de R$ 86,2 mil nesse caso.

Miranda desconhece que era investigado

A defesa do ex-governador Marcelo Miranda afirma não ter tido acesso ao processo e não poderia comentar a conclusão do processo, mas ressalta que até onde tinha conhecimento, o ex-governador não era investigado e sequer chegou a ser ouvido na operação.

Atuação pela filha

A mãe da enfermeira, a ex-vereadora em Araguaína Cleidimar Aparecida Chaves, atual assessora parlamentar do deputado Leo Barbosa (SD) também aparece indiciada por peculato e por concurso de pessoas (quando alguém participa de um crime também recebe as penas aplicadas).  Segundo o inquérito, ela colaborou, através de contatos políticos, para favorecer a filha.

Atual assessora parlamentar do deputado Léo Barbosa (SD), ela disse que contactaria o advogado para que comentasse o relatório ao jornal, mas não houve retorno.

Télio assinou cessões

O ex-secretário chefe da Casa Civil Telio Leão Ayres também é indiciado por peculato duas vezes, ao ser apontado como o responsável por assinar as cessões da enfermeira. Para a polícia, “sem nenhum critério técnico ou justificativa” ele retirou uma enfermeira do Hospital Regional de Araguaína para a Secretaria Geral “local sem nenhuma relação com a formação da mesma”.

O JTo tentou contato com o ex-secretário inclusive com parentes dele mas não conseguiu falar com ele.

Por assinar frequências

Outro ex-secretário indiciado por participação no peculato, peculato e falsidade ideológica é Cesarino Augusto Cesar Pereira Sobrinho, então titular da pasta de Governo. Segundo o delegado, ele atestou o exercício e a frequência da enfermeira, por duas vezes, sem que ela não estava no Tocantins e nem na pasta exercendo a função. A polícia indicia o também ex-secretário João Emídio Felipe de Miranda pelas mesmas imputações. O JTo não localizou nenhum dos dois.