Agora ou nunca: por que esta Copa pode ser, enfim, a do apogeu de Neymar

Agora ou nunca: por que esta Copa pode ser, enfim, a do apogeu de
Neymar
Aos 30 anos, em ótima fase e livre da “Neymardependência”, camisa 10 tem chance derradeira de enterrar polêmicas e se
eternizar entre as lendas da bola
Por Luiz Felipe Castro e Leandro Miranda Atualizado em 18 nov 2022, 16h59 – Publicado em 20 nov 2022, 06h00
“Nessa temporada vai entrar tudo. É só chutar. Estou sentindo. Sabe quando a gente está com um feeling bom?”.
Foi assim, durante uma live nas redes sociais ainda no início de preparação pelo PSG, que Neymar Jr. projetou
o período mais importante de sua tão vencedora quanto conflituosa carreira. Aos 30 anos, o mais talentoso
jogador brasileiro de sua geração quer provar que enfim amadureceu e que merece ser lembrado como um dos
gigantes da bola — sentar-se à mesa de Pelé, Zico, Ronaldo e companhia, não só no que diz respeito a
estatísticas, mas à intangível aura que acompanha os craques eternos. Ele sabe: para isso, precisa vencer a Copa
do Mundo no Catar, que começa neste domingo, 20, às 13h (de Brasília), com a seleção anfitriã encarando o
Equador, no estádio Al-Bayt, em Doha.
Só assim, Neymar conseguirá deixar para trás as contestações que o perseguem desde os tempos de menino da
Vila. As pechas não cessam: cai-cai, marrento, mercenário, bichado, até gordinho…. Neymar e seu estafe jamais
lidaram bem com as críticas, que se intensificaram depois da venda do Barcelona para o PSG em 2017 pela
quantia recorde de 222 milhões de euros. O camisa 10 não foge de uma boa confusão — até mesmo das eleições
presidenciais mais tensas da história do país ele decidiu participar—, mas se sente profundamente injustiçado e
usa as críticas como combustível. A notícia mais animadora para a torcida brasileira, no entanto, é esportiva: ele
chega a este Mundial em ótima fase, 100% saudável, e com melhores companhias do que em 2014 e 2018.
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O dono da bola: sucesso do Brasil na Copa passa por ele Lucas Figueiredo/CBF
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21/11/2022 02:44 Agora ou nunca: por que esta Copa pode ser, enfim, a do apogeu de Neymar | VEJA
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Quem o acompanhou nos ultimo meses não tem dúvidas: seu foco é total na Copa do Mundo. Neymar colocou na
cabeça que esse será seu último Mundial, a chance derradeira de eternizar seu nome com a Amarelinha, da qual
já é o segundo maior artilheiro da história: tem 75 gols, dois a menos que Pelé. Por isso, toda a sua rotina nos
últimos meses (treinos, horários, alimentação, tempo de jogo) foi voltada para chegar a este momento no ápice.
O plano também passava por não mudar de time e se manter jogando com frequência no PSG. Em cinco anos na
França, isso não havia acontecido: o atacante nunca fez mais de 31 jogos por temporada em razão dos problemas
físicos e suspensões. O plano deu certo, e Neymar esta tinindo.
“O ambiente sempre foi muito legal, mas acho que essa seleção está mais preparada do que as outras para
ganhar, pelos jogadores, pelo time, pelo nosso técnico, óbvio, por termos nos preparado muito bem para isso”,
disse Neymar em entrevista recente ao canal “3 na Área”. “Como atleta, sem dúvidas esse é meu melhor
momento, pela experiência, pela forma de jogar, por tudo. Me sinto mais preparado.”
Um imã de confusões – mas nem sempre
Neymar tem constantes recaídas, mas bem que tentou fugir de algumas controvérsias este ano, especialmente no
início da temporada, quando o PSG fez sondagens na janela de transferências procurando um possível
comprador no restrito mercado de supertimes que poderiam arcar com este custo, mas sem sucesso. A chance
de negociação esbarrou na vontade irredutível do jogador de permanecer, ao contrário de 2019, quando tentou
forçar uma volta ao Barcelona. Além das dúvidas sobre o que Neymar projeta — em entrevista à DAZN, disse não
saber se terá “condições de cabeça” de seguir “aguentando” o futebol depois de dezembro, mesmo tendo contrato
até 2027 —, o PSG não queria repetir uma situação traumática. Em fevereiro de 2018, o atacante sofreu uma
grave fissura no quinto metatarso do pé direito e, com previsão de três meses de recuperação, viu a Copa em
risco. O clube não queria operá-lo, para contar com ele na reta final da temporada. Mas, priorizando se
recuperar plenamente para o torneio na Rússia, Neymar impôs sua vontade e realizou a cirurgia com a equipe
médica da CBF e não voltou a tempo de ajudar o PSG.
Mas para surpresa geral, o brasileiro se apresentou antes do previsto. Chegou cedo, saiu tarde, treinou faltas,
levantou o astral do grupo…e voou em campo. Foram 15 gols e 12 assistências em 20 jogos pelo PSG até a pausa
para a Copa, em plena sintonia com Lionel Messi e Kylian Mbappé (o último, aliás, parece ter herdado o posto de
“garoto-problema” em Paris). Eis o novo Neymar, sabe-se lá até quando. Para render, ele precisa se sentir
desafiado. Seu melhor momento foi em 2020, justo quando teve seu retorno ao Barça vetado, a contragosto.
Foram suas atuações naquela Liga dos Campeões que motivaram o presidente do PSG, Nasser al-Khelaifi, a fazer
os primeiros movimentos pela renovação contratual.
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Sob o comando do novo técnico, Christophe Galtier, o camisa 10 atua cada vez mais como um armador, usando
seu vasto repertório técnico. Os dribles e arrancadas têm dado lugar aos passes e à criatividade. Será mais arco
do que flecha, afinal. O novo estilo, já visto também na seleção, provocou insinuações de que estivesse fora de
forma, algo que o irritou bastante e que é negado categoricamente por seus funcionários. Em 2021, Neymar
chegou a postar uma foto exibindo o “tanquinho” da barriga definida, com a cutucada: “gordinho bom de bola”.
Sempre elogiado na seleção por sua atitude de liderança e protagonismo, Neymar não é mais o principal jogador
do PSG. Nas duas últimas temporadas, Mbappé jogou 34 jogos a mais que ele e fez quase o triplo de gols: 81 a
30. A renovação até 2025 do astro francês de 23 anos também pesou para que o clube tentasse se desfazer de
Neymar. Apesar disso, e dos constantes rumores a respeito de uma rixa, pessoas próximas ao brasileiro
garantem não haver nenhum problema com Mbappé, nem com nenhum outro colega. Até mesmo os argentinos
do elenco nutrem excelente relação com o craque, em especial, é claro, o amigo Lionel Messi. “Quem o conhece
de perto, o adora”, é uma reclamação constante de seu estafe — que, no entanto, não o ajuda a expandir essa boa
fama aos menos chegados.
Recentemente, em uma grave recaída para quem tentava fugir de confusões, Neymar decidiu declarar seu apoio
a Jair Bolsonaro, dias antes da derrota do candidato do PL para Luiz Inácio Lula da Silva (o petista, inclusive, fez
questão de tirar uma onda com os enroscos fiscais da família Silva Santos). Nas eleições mais polarizadas de
todos os tempos, o craque chamou para si a antipatia de milhões de brasileiros. Mas nem deu bola.
Neymar se irritou com debates sobre seu peso e botou o “tanquinho” para jogo Lucas Figueiredo/CBF/Divulgação
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