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ANVISA DERRUBA MÁFIA DO CONSÓRCIO DA SPUTNIK

Por Walder Galvão, G1 DF

 


Imagem de frascos da vacina Sputnik V feita no Brasil divulgada pela Embaixada da Rússia no Brasil, em imagem de arquivo  — Foto: Reprodução/Facebook/Embaixada da Rússia no Brasil

Imagem de frascos da vacina Sputnik V feita no Brasil divulgada pela Embaixada da Rússia no Brasil, em imagem de arquivo — Foto: Reprodução/Facebook/Embaixada da Rússia no Brasil

O Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central (BrC), formado pelo Distrito Federal e seis estados, informou ao G1 que “vai aguardar um posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF)” para reavaliar a compra de 28 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 Sputnik V.

Nesta segunda-feira (26), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) negou a importação do imunizante (veja mais abaixo). O relator do processo, Alex Machado Campos, classificou a situação atual da vacina como um “mar de incertezas” e que aponta um cenário de riscos “impressionante”.

Agora, novo parecer do STF pode ocorrer caso governos estaduais decidam recorrer da negativa da Anvisa para importação. Nesta terça-feira (27), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), informou que vai “avaliar fundamentos técnicos” para, então, acionar o Supremo.

O BrC tem um contrato de intenção de compra para aquisição de 28 milhões de doses da vacina – cada unidade da federação receberia 4 milhões. A negociação é feita diretamente com o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF). Entretanto, de acordo com a entidade, “a aquisição só seria realizada mediante aprovação da Anvisa”.

O vice-governador do DF, Paco Britto (Avante), que também é secretário-executivo da autarquia, explicou à reportagem que só após a decisão do STF, os estados poderão tomar medidas sobre a importação da vacina.

“Em caso de autorização do STF, permitindo judicialmente essa importação, a decisão será tomada em conjunto pelos sete governadores.”

 

Enfermeira prepara dose da vacina Sputnik V, desenvolvida pela Rússia para proteger população da Covid-19, em imagem de arquivo — Foto: Tatyana Makeyeva/Reuters

Enfermeira prepara dose da vacina Sputnik V, desenvolvida pela Rússia para proteger população da Covid-19, em imagem de arquivo — Foto: Tatyana Makeyeva/Reuters

Além do DF, o consórcio é formado pelos governos dos seguintes estados:

  • Goiás
  • Mato Grosso
  • Mato Grosso do Sul
  • Maranhão
  • Tocantins
  • Rondônia

 

Paco Britto disse ainda que o consórcio tem um pedido junto à Anvisa para aquisição da vacina. Além disso, o vice-governador citou outros processos que tramitam na Justiça sobre a importação do imunizante, como o do governo do Maranhão.

O BrC ainda informou, sem dar detalhes, que “mantém outros contatos internacionais em busca de vacinas contra a Covid-19”.

Produção no DF

 

Bthek Biotecnologia, instalada no Polo JK, em Santa Maria, no Distrito Federal, em imagem de arquivo — Foto: União Química/Divulgação

Bthek Biotecnologia, instalada no Polo JK, em Santa Maria, no Distrito Federal, em imagem de arquivo — Foto: União Química/Divulgação

O Distrito Federal tem uma fábrica para produção da Sputnik V. A União Química – empresa brasileira parceira do RDIF – está à frente da indústria, localizada no Polo JK, na região de Santa Maria.

Em março, a União Química apresentou o primeiro lote da vacina produzido 100% no Brasil. O Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), principal substância do imunizante contra Covid-19, foi fabricado no Distrito Federal.

Ainda em março, governadores de diversas reuniões do Brasil compareceram à fábrica no DF. À época a Sputnik V informou que poderia fornecer 10 milhões de doses do imunizantes, a depender da autorização da Anvisa.

Anvisa vetou por unanimidade a importação da vacina russa sputnik

Anvisa vetou por unanimidade a importação da vacina russa sputnik

G1 entrou em contato com a União Química e questionou sobre os impactos da decisão da Anvisa sobre a importação da vacina, porém, a empresa não respondeu até a última atualização desta reportagem.

Resumo da decisão da Anvisa

 

  • Decisão unânime foi tomada após 14 estados pedirem autorização para importação emergencial de quase 30 milhões de doses;
  • Três gerências técnicas da agência (medicamentos, fiscalização e monitoramento) deram pareceres contra a importação;
  • Anvisa apontou que NÃO recebeu relatório técnico capaz de comprovar que a vacina atende a padrões de qualidade e NÃO conseguiu localizar o relatório com autoridades de países onde a vacina é aplicada;
  • Anvisa diz que a maioria dos países que autorizaram a aplicação da vacina não têm tradição na análise de medicamentos; além disso, em 23 países com contrato, a vacinação não começou;
  • Gerência de Medicamentos apontou diversas falhas de segurança associadas ao desenvolvimento do imunizante. Na mais grave, explicou que o adenovírus usado para carregar o material genético do coronavírus não deveria se replicar, mas ele é capaz de se reproduzir e pode causar doenças;
  • Gerência de Inspeção e Fiscalização relatou que técnicos da Anvisa não puderam visitar todos os locais de fabricação da vacina durante inspeção na Rússia; dos sete pontos previstos, técnicos conseguiram visitar apenas três locais;
  • Fundo Russo tentou cancelar inspeção presencial e não autorizou acesso ao Instituto Gamaleya, que faz o controle de qualidade;
  • Anvisa não conseguiu identificar os fabricantes da matéria prima da vacina.
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