ASSESSORES DE VALDEMAR JUNIOR COLETAVAM SALÁRIOS DOS FANTASMAS

Por G1 Tocantins

 

Polícia cumpre mandatos de prisão contra servidores da Assembleia Legislativa
JA 1ª Edição – TO
Polícia cumpre mandatos de prisão contra servidores da Assembleia Legislativa

Polícia cumpre mandatos de prisão contra servidores da Assembleia Legislativa

A Polícia Civil investiga a existência de pelo menos cinco servidores fantasmas no gabinete do deputado Valdemar Júnior (MDB). Também há indicativos de que existem dezenas de servidores que recebem sem trabalhar dentro da Assembleia Legislativa. Segundo o delegado Cassiano Oyama, responsável por essa fase da operação Cartase, existe uma organização criminosa atuando e os servidores fantasmas são obrigados a devolver a maior parte dos salários que recebem.

Essa fase da operação foi iniciada na manhã desta quarta-feira (19) com a prisão do chefe de gabinete e dois assessores do deputado Valdemar Júnior. O parlamentar não atendeu do G1 as ligações para comentar a operação.

A Assembleia Legislativa disse que não vai se manifestar sobre o caso.

Segundo o delegado, as investigações começaram após uma denúncia anônima feita com riqueza de detalhes. Os assessores presos estariam coagindo e instruindo testemunhas sobre o que deveriam contar à policia. “Diante disso começaram a instruir testemunhas e até, em um nível mais avançado, fazer ameaças a essas testemunhas. Isso deu ensejo a prisão preventiva.”

O delegado contou que o esquema funcionava da seguinte maneira: os servidores fantasmas recebiam, em média, R$ 2,5 mil por mês e eram obrigados a devolver a maior parte do salário. Os assessores parlamentares agiam como coletores destes recursos.

A investigação conta com gravações telefônicas e comprovantes de transferências bancárias. “Nós temos comprovados cinco fantasmas nesse gabinete, mas existe indicativo de dezenas de fantasmas desse mesmo esquema de devolução do salário na Assembleia inteira. Não se dirige a apenas um gabinete.”

Os servidores fantasmas deveriam devolver até o dinheiro que recebiam pelo 13º salário. Ainda segundo o delegado, já existem indícios de que o esquema também funcionava em outros dois gabinetes de deputados. Porém, ainda não há ligação de parlamentares com os crimes.

“A investigação aponta que há uma organização criminosa. Ela tem níveis hierárquicos e uma escala organizada de tarefas de cada membro. O fantasma deve assinar pontos falsos, receber o salário, sacar a grande maioria e devolver para os coletores, que estão dentro dos gabinetes. A Polícia Civil chegou até os coletores, por enquanto. O objetivo é chegar até o destinatário final”, disse o delegado.

Operação cumpriu mandados de busca e prisão na Assembleia Legislativa — Foto: Reprodução/TV AnhangueraOperação cumpriu mandados de busca e prisão na Assembleia Legislativa — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Operação cumpriu mandados de busca e prisão na Assembleia Legislativa — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Entenda

Três funcionários da Assembleia Legislativa foram presos preventivamente pela Polícia Civil no gabinete do deputado Valdemar Junior (MDB) na manhã desta quarta-feira (19). A TV Anhanguera registrou o momento em que os funcionários foram conduzidos por agentes. As prisões fazem parte da operação Cartase, que investiga funcionários fantasmas e danos aos cofres públicos.

Foram presos o chefe de gabinete Dional Vieira de Sena e os assessores Dorismar José Benedito Júnior e Luciele Roquete Araujo. Mandados de busca também foram cumpridos e os funcionários tiveram os celulares apreendidos.

O chefe de gabinete Dional Vieira, que é ex-prefeito de Aurora do Tocantins, e o assessor Dorismar José disseram à reportagem da TV Anhanguera que não sabem do que se trata a investigação. Luiciele Roquete não quis se pronunciar.

No gabinete do deputado, os demais servidores informaram que não tem nada para declarar. O deputado Valdemar Junior não atendeu as ligações.

Operação Cartase

A Operação Cartase é uma força-tarefa de várias delegacias do estado para investigar danos ao erário público. As investigações começaram após denúncias de funcionários fantasmas do governo do Estado em Araguaína, norte do Tocantins.

Depois, mandados foram cumpridos na Secretaria-geral de Governo, no Palácio Araguaia, onde os agentes encontraram indícios de que 300 funcionários estariam recebendo sem trabalhar.

Na segunda-feira (17), quatro pessoas foram presas na Câmara de Vereadores de Porto Nacional. Essa fase da operação investiga fraudes em licitações e foi chamada de Negócios de Família. A suspeita é de que o grupo teria desviado R$ 700 mil.

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