Brasil tem queda recorde de Covid em grandes cidades desde início da pandemia

/11/2021 12:21 Brasil tem queda recorde de Covid em grandes cidades desde início da pandemia – 14/11/2021 – Equilíbrio e Saúde – Folha

Brasil tem queda recorde de Covid em grandes
cidades desde início da pandemia
Em outubro, as novas infecções caíram em 80% dos municípios com mais de 100 mil habitantes
14.nov.2021 às 23h15
EDIÇÃO IMPRESSA
SÃO PAULO Quatro em cada cinco cidades com mais de 100 mil habitantes no Brasil
tiveram redução de novos casos da Covid-19 em outubro, maior índice de toda a
pandemia.
Os dados são do monitor de aceleração da Covid da Folha, que mede a velocidade de
crescimento de novas infecções pelo coronavírus nos estados e municípios grandes, que
têm dados mais estáveis e confiáveis que os menores.
Em média, outubro teve, por dia, 260 cidades no estágio de desaceleração, quando o
número de novos casos está em queda. Isso representa 80% das 326 cidades com mais de
100 mil habitantes.
Teste rápido para Covid-19 – Raquel Portugal-22.ago.20/Fiocruz Imagens
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O pior índice foi em maio de 2020, quando a média diária de cidades com redução de
casos chegou a três.
Por sua vez, outubro de 2021 teve o menor número de municípios com crescimento
acelerado de casos —média de 16 por dia (5%). Nesse estágio, segundo a classificação do
monitor, o ritmo de infecções cresce de forma expressiva e descontrolada. O pico foi em
junho do ano passado, com 287 (88% das cidades grandes).
O monitor tem ainda outras três etapas possíveis: estável (quando o número de novos
casos é constante, mas considerável), reduzido (quando não há nenhum ou muito poucos
novos casos) e inicial (quando os casos começam a surgir, no início da epidemia).
Entre as 27 capitais, 21 passaram todo o mês passado no estágio de desaceleração. É o
caso de São Paulo, Salvador, Manaus, Recife, Rio de Janeiro e Porto Alegre, por exemplo.
Já Boa Vista, Brasília, Florianópolis, Fortaleza, Teresina e Vitória tiveram parte dos dias
em situação estável ou de crescimento acelerado de casos, embora a maior parte do mês
tenha sido em desaceleração ou estabilidade.
No total dos municípios com mais de 100 mil habitantes, 182 (56%) estiveram em
desaceleração durante todos os dias de outubro.
Apenas uma cidade, Valparaíso de Goiás (GO), passou todo o mês com crescimento
acelerado de casos. Para efeito de comparação, em abril deste ano eram 20.
Outubro também foi o mês com maior número de cidades grandes sem mortes por Covid
desde maio de 2020. Foram 22 (7%) e 43 (13%), respectivamente.
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Já no total das 5.570 cidades brasileiras, 3.612 (65%) não tiveram óbitos no mês passado.
É o maior percentual desde maio de 2020 (72%).
Especialistas ouvidos pela Folha veem com otimismo a queda no número de casos e
afirmam ser decorrente, principalmente, do avanço da vacinação e, mais especificamente,
de uma vacinação recente no país.
“É o grande impacto de uma população com uma elevada cobertura vacinal e
recentemente vacinada, pois a gente já sabe hoje que as vacinas perdem parcialmente a
sua proteção com o passar dos meses, embora a proteção para casos graves,
hospitalizações e óbitos seja mais duradoura”, explica Renato Kfouri, pediatra e diretor da
SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações).
Apesar de ter começado a campanha de vacinação contra Covid cerca de um mês depois de
países como Reino Unido e Alemanha, o Brasil conseguiu avançar e ultrapassou a marca
de 70% da população com ao menos uma dose no início de outubro.
Hoje, cerca de 75% da população brasileira recebeu pelo menos uma dose dos imunizantes
e 58% já tomaram as duas doses ou dose única. Nos demais países, há uma certa
dificuldade em fazer com que pessoas que se opõem à vacinaçãoadiram à campanha.
Nos EUA, onde há baixa adesão às vacinas em alguns estados, a cobertura vacinal não é
homogênea, chegando a cerca de 40% da população totalmente vacinada em locais como a
Virgínia Ocidental e Wyoming.
“Nós temos uma cobertura que é homogênea, e isso é importante também”, completa
Kfouri.
Um recrudescimento da pandemia também é observado na Europa, com alguns países
como a Holanda decretando novos lockdowns. O continente europeu contabilizou mais da
metade dos novos casos de Covid no mundo no final de outubro e viu uma subida
repentina nas novas infecções e hospitalizações pela Covid após o relaxamento de medidas
de proteção.
“Esse é um problema e nós devemos ficar atentos porque, apesar do momento
epidemiológico favorável, é importante não afrouxar as medidas”, ressalta o
epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da USP Paulo Lotufo.
Manter os cuidados, como o uso de máscaras, o distanciamento físico entre as pessoas e
frequentar, de preferência, ambientes ao ar livre ou espaços bem ventilados são medidas
que ajudam a diminuir a circulação do vírus.
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“A vacinação tem um papel muito importante na situação de desaceleração da pandemia
no país, mas ela sozinha não é nossa única arma”, reforça Denise Garrett, epidemiologista
e vice-presidente do Instituto Sabin de Vacinas (EUA).
“No Brasil nós ainda não temos uma taxa de cobertura vacinal suficiente para ela por si só
explicar a desaceleração completa da pandemia”, afirma.
Para os especialistas, quase dois anos após o início da pandemia, uma coisa já ficou
clara: os movimentos da doença vieram como ondas, com o aumento de casos em
momentos de alta susceptibilidade das populações ou por uma baixa quantidade de
pessoas já imunizadas, ou ainda por um escape de proteção frente a novas variantes. Por
isso, é difícil prever o futuro.
“A gente tem visto que países que tiveram melhora com vacinação e outras medidas de
controle, quando relaxaram, tiveram problemas novamente. Por isso, neste momento de
transição, é importante ter toda a cautela possível para manter esses níveis [de novos
casos] baixos”, afirma Garrett.
Para Lotufo, “epidemiologicamente falando”, é difícil dizer quando a pandemia vai acabar.
“Mas eu acredito que está andando mais rápido do que imaginávamos. Estamos próximos
do fim do começo da pandemia, mas ainda não no começo do fim.”
O monitor da aceleração da Covid da Folha é um modelo estatístico desenvolvido pelos
pesquisadores da USP Renato Vicente e Rodrigo Veiga. Baseado na evolução dos casos em
cada local (cidade, estado, país), tem como parâmetro um período de 30 dias, com maior
peso para o período mais recente.
Com isso, é medida a aceleração da epidemia, ou seja, a forma como o número de novos
casos cresce ou diminui. Os números são atualizados diariamente (a cada atualização, o
dia mais antigo da série de 30 dias sai do cálculo).
Na classificação, o modelo considera o estágio mais presente nos últimos sete dias. Assim,
há maior estabilidade da classificação apresentada diariamente, evitando possíveis
mudanças bruscas causadas por problemas na divulgação dos dados pelas secretarias de
Saúde

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