Câmeras flagram onça-pintada entrando em chácaras para caçar galinhas e outros animais domésticos

Por Por Ana Paula Rehbein, TV Anhanguera e g1 Tocantins

 


Onça monitorada tem entrado em chácaras em Serra do Lajeado para se alimentar

Onça monitorada tem entrado em chácaras em Serra do Lajeado para se alimentar

Na calada da noite, um grande predador tem ameaçado animais criados em chácaras da região da Serra do Lajeado. Em apenas uma propriedade, cerca de 20 galinhas viraram o jantar de uma onça pintada. Com a presença do animal tão perto das casas, técnicos do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) passaram a monitorar a região. Segundo especialistas, uma das causas pode ser a degradação do habitat natural da onça.

Câmeras que possibilitam a visão noturna já registraram a onça por perto das chácaras após sete moradores relatarem que encontraram animais mortos. Um deles é o produtor rural Raimundo Ferreira, que entrou em contato com o Naturatins quando ainda não sabia o que estava causando a morte de animais.

Onça-pintada passou por cerca de propriedade — Foto: TV Anhanguera/Reprodução

Onça-pintada passou por cerca de propriedade — Foto: TV Anhanguera/Reprodução

“Pelo latido dos cachorros, notei que não eram conhecidos deles. Peguei a lanterna e vim, e vi algo estranho aqui. Estava os pezinhos da cocar e as asas”, contou Raimundo.

O produtor rural contou que mesmo depois de reforçar o puleiro, a onça-pintada conseguiu entrar no quintal por outro lado e comer duas aves. Pelas marcas que ficaram nos galhos da para ter uma ideia da altura do salto que a onça deu. “Acredito que ela deve ter recebido algum choque, então ela rodeou e veio aqui”, disse.

Raimundo tentou reforçar galinheiro, mas mesmo assim a onça conseguiu pegar galinhas — Foto: TV Anhanguera/Reprodução

Raimundo tentou reforçar galinheiro, mas mesmo assim a onça conseguiu pegar galinhas — Foto: TV Anhanguera/Reprodução

Na chácara de Elevina lemos, a visitante noturna também deixou um rastro de morte. “Só o peneiro ali daquele lado. A coisa mais triste. Quando vi me assombrei. Quando eu olho estava elas mortas aqui deste lado, ainda estava tudo quente quando eu cheguei de manhã”, disse a moradora da zona rural, mostrando o galinheiro em que a onça-pintada entrou.

Galinheiro ficou cheio de penas e pedaços de galinhas, disse Elevina Lemos — Foto: TV Anhanguera/Reprodução

Galinheiro ficou cheio de penas e pedaços de galinhas, disse Elevina Lemos — Foto: TV Anhanguera/Reprodução

Estratégias para evitar conflitos

 

A área de proteção ambiental da serra do Lajeado tem 121 mil hectares e faz parte de quatro municípios da região metropolitana de Palmas. Isso faz com que os animais silvestres se aproximem das moradias.

Para que conflitos sejam evitados entre os animais e o homem, já que o animal também está em seu ambiente, o Naturatins faz orientações aos moradores através de uma cartilha criada pelos técnicos.

Além disso, foram instaladas cercas elétricas em baixa potência, para assustar o animal e não causar nenhum ferimento. “É um tipo de cercamento com a voltagem adequada para inibir o animal. Mas não fere, não machuca. Com isso conseguimos difundir e até a apoiá-los a tomar medidas preventivas”, disse a inspetora de recursos naturais do Naturatins, Angélica Beatriz Gonçalves.

Galinhas se tornaram um dos alimentos da onça-pintada — Foto: TV Anhanguera/Reprodução

Galinhas se tornaram um dos alimentos da onça-pintada — Foto: TV Anhanguera/Reprodução

Os fatores que estão levando os animais a se aproximarem cada vez mais das propriedades estão sendo investigados. Para a bióloga Camila Muniz, supervisora da APA Lajeado, o desmatamento pode ser uma das causas.

“Às vezes ela vem de uma área mais distante que foi desmatada, e ela vem buscando vegetação nativa. Como a gente está muito próximo da capital, tem já uma pressão por moradias aqui. E esses animais saem do seu habitat natural e vem procurar alimentos”, explicou a bióloga.

“A pressão de caça sobre esses animais que são presas da onça pode estar levando ela a procurar locais com maior facilidade. E aí ela encontra o animal doméstico, que não tem reação. Uma galinha não tem a mesma reação que um outro animal silvestre, uma paca ou uma cotia”, complementou Angélica Beatriz.

E mesmo com a perda de parte da criação de galinhas para a onça-pintada, Raimundo entende a importância do animal para a biodiversidade e pediu ajuda. “O bicho vai procurar mesmo. Ele tem que comer. Mas eu achei o certo fazer esse pedido”, afirmou o produtor rural.

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