Chanceler brasileiro defende modelo chinês de agir ‘sem pedir desculpas’

Chanceler brasileiro defende modelo chinês de agir ‘sem pedir desculpas’

Em artigo, Ernesto Araújo também falou sobre ‘enfrentar ameaças’ de Venezuela e Cuba

O chanceler Ernesto Araújo, durante reunião do Grupo de Lima, no Peru – Mariana Bazo – 4.jan.2019/Reuters
SÃO PAULO

Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, criticou a ideia de que o Brasil deveria se manter neutro para ampliar seus negócios e apontou a postura da China como um exemplo para outros países.

“Ninguém respeita esse tipo de comportamento, e você não faz bons negócios quando não há respeito. A China defende, sem pedir desculpas, seu interesse nacional e sua identidade, suas ideias específicas sobre o mundo, defende seu sistema —e todos fazem cada vez mais negócios com a China”, escreveu o chanceler em um artigo, publicado nesta segunda (7) pela agência Bloomberg. “Por que outros países devem ser obrigados a esposar certas ideias antes de serem considerados bons parceiros comerciais?”, questionou.

No primeiro semestre de 2018, a China exportou o equivalente a US$ 1,3 trilhão de dólares (R$ 4,8 tri) em mercadorias e serviços, e importou o equivalente a cerca de US$ 1,2 trilhão (R$ 4,4 tri). O volume total foi 16,4% maior do que no mesmo período do ano anterior, segundo dados do Ministério do Comércio chinês.

Um dos fatores que ajudaram a manter as exportações chinesas em alta em 2018 foi a desvalorização do yuan frente ao dólar, que faz com que os produtos chineses fiquem mais baratos no exterior.

Araújo também rebate a ideia de que “a política externa brasileira não deve mudar” e repete o que disse em outras ocasiões: que o presidente Jair Bolsonaro não foi eleito para deixar a política externa como estava.

“Queremos promover a liberdade de pensamento e de expressão em todo o mundo”, prometeu o chanceler. “A eleição de Bolsonaro no Brasil só foi possível porque as pessoas puderam trocar livremente suas ideias e expressar seus sentimentos, sem serem tolhidas pela camisa de força da mídia tradicional.”

O chanceler também defendeu ações mais duras contra Cuba Venezuela, como forma de “promover a paz e a segurança em nossa região”. “Não se promove a paz e a segurança fingindo que elas não sofrem ameaças e que não há nada que se possa realmente fazer a respeito. É preciso enfrentar as ameaças, e a maior delas vem de regimes não democráticos que exportam o crime, a instabilidade e a opressão. Ditaduras como Venezuela e Cuba não desaparecerão pelo simples desejo de que sumam”.

O ministro afirmou ainda estar convencido de que “um país que fala com sua própria voz em vez de dublar a de outros, será um parceiro muito melhor —no comércio ou em qualquer outra área”.

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