Cientistas europeus detectam água líquida em Marte

Cientistas europeus detectam água líquida em Marte

Medições de sinais de radar analisadas por pesquisadores da Agência Espacial Europeia revelam que há um lago de 20 quilômetros de diâmetro e cerca de 1,5 quilômetro de profundidade sob a calota de gelo no pólo sul marciano

Castro, O Estado de S.Paulo

25 Julho 2018 | 12h53

Um grupo europeu liderado por cientistas italianos detectou um grande lago de água líquida sob as calotas de gelo polar em Marte. De acordo com os autores da pesquisa, publicada nesta quarta-feira, 25, na revista Science, é a primeira vez que um grande reservatório de água líquida foi identificado no Planeta Vermelho. A existência de água congelada já havia sido comprovada há anos. A descoberta aumenta as probabilidades de que formas microscópicas de vida existam ou tenham existido em Marte.

O lago detectado sob o gelo polar de Marte tem certa de 20 quilômetros de diâmetro e pelo menos 1,5 quilômetro de profundidade, segundo os pesquisadores. Para fazer a descoberta, eles utilizaram o radar Marsis, um instrumento da nave Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA), que está na órbita marciana há 15 anos.

Marte
Mosaico colorido de Planum Australe, a calota polar no sul de Marte. Região em azul corresponde aos reflexos mais fortes, que seria de um lago sob 1,5 km de gelo. Foto: USGS Astrogeology Science Center, Arizona State University, INAF

 

Segundo o estudo, o equipamento enviou pulsos de radar que penetraram a superfície e as calotas de gelo do planeta. Os cientistas então mediram como as ondas de rádio se propagaram e foram refletidas de volta à espaçonave. As reflexões fornecem aos cientistas informações sobre as características do que há no subsolo.

O trabalho, liderado por Roberto Orosei, do Instituto Nacional de Astrofísica de Bolonha (Itália), foi realizado entre maio de 2012 e dezembro de 2015. Nesse período, os cientistas utilizaram o Marsis para sondar a região conhecida ocmo Planum Australe, localizada na calota de gelo do pólo sul marciano.

Marte
Concepção artística da sonda Mars Express em Marte Foto: ESA, INAF

Os pesquisadores obtiveram 29 conjuntos de amostras de radar e puderam mapear a região. A análise dos dados mostrou que havia uma clara alteração no sinal de rádio em uma área que chega a 1,5 quilômetro abaixo da superfície e se estende por 20 quilômetros.

De acordo com o estudo, os perfis de radar foram semelhantes aos que já haviam sido obtidos na detecção de lagos subglaciais na Antártica e na Groenlândia. Isso sugere, segundo eles, que há um lago subglacial sob a calota de gelo no pólo marciano.

Como a temperatura média em Marte é de cerca de 60 graus Celsius negativos, seria de se esperar que a água no planeta estivesse congelada. Mas, segundo Orosei, sabe-se também que as rochas marcianas contêm sais de magnésio, cálcio e sódio, que, dissolvidos na água, formam uma espécie de salmoura. Essa condição, associada à pressão produzida pela cobertura de gelo, permitiria que a água do lago permanecesse em estado líquido.

NOTÍCIAS RELACIONADAS
Comentários
você pode gostar também