Cocô de lhama pode desvendar a queda do Império Inca

Cocô de lhama pode desvendar a queda do Império Inca

11/01/2019 – 10H04/ ATUALIZADO 10H04 / POR REDAÇÃO GALILEU

Ácaros se alimentam de fezes de lhama e acabam ajudando em pesquisas (Foto: Pxhere/Creative Commons)

Pesquisadores descobriram que em um pequeno lago no Peru os ácaros que comiam as fezes de lhamase, de certa maneira, acompanharam os principais eventos históricos do Impérico Inca. Isso pode revelar quando houve o crescimento populacional, ascensão e queda desse povo.

Utlizar amostras de fungos que residem em esterco para rastrear condições ambientais no passado é um método preciso de análise, como apontou a pesquisa, publicada no periódico The Journal of Archaeological Science.

O antigo lago Marcacocha desapareceu há cerca de 200 anos. Antigamente, ele era rodeado de pastagens, onde as lhamas comiam folhas de coca, bebiam água – e defecavam. O estrume caiu no lago, onde serviu de alimento para ácaros oribatídeos que viviam nas águas.

Quando os ácaros morreram, afundaram na lama do lago e ficaram preservados em um núclero de sendimentos por séculos.

Atualmente, a região de Marcacocha é uma zona úmida no alto dos Andes, perto da cidade inca de Ollantaytambo. Quando o pesquisador Alex Chepstow-Lusty, da Universidade de Sussex, no Reino Unido, foi investigar a região, descobriu os ácaros.

Ele contou o número dos bichos em cada camada do núcleo, e apontou que sua população cresceu quando o Império Inca dominou os Andes de 1438 a 1533. Depois da chegada dos espanhóis, o número despencou porque muitos moradores e seus animais morreram.

Os ácaros voltaram a crescer quando vacas e porcos europeus se instalaram e começaram a fazer cocô ao redor do lago. Contudo, o número diminuiu novamente por volta de 1720, quando uma epidemia de varíola atingiu a região.

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Chepstow-Lusty decidiu analisar a presença de Sporormiella, fungo que vive no cocô de herbívoros e costuma ser utilizado para rastrear populações de animais antigos. A queda de Sporormiella, por exemplo, é interpretada como sinal de extinção dos bichos.

Em Marcacocha, o pesquisador viu a população Sporormiella subir e descer no núcleo de sendimentos. O fungo aumentou durante os períodos de seca, quando o lago ficou menor e as lhamas se aproximaram de seu centro, e encolheu quando o lago ficou maior.

Mark Bush, do Instituto de Tecnologia da Flórida, acredita que o ambiente de Marcacocha não se presta aos estudos de Sporormiella. Para ele, os ácaros fornecem uma alternativa interessante, mas há poucos estudos sobre o número de ácaros e populações de herbívoros para garantir que esta análise das lhamas seja precisa.

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