Ao obrigar a evacuação de mais de 24 mil pessoas na manhã deste domingo, o rompimento da barragem de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, deve obrigar a Vale a pagar bilhões em indenizações. A seguir o padrão que a Justiça determinou no acidente de Mariana em 2015, a empresa pode ter de desembolsar mais de R$ 12 bilhões para compensar os afetados pelo acidente ambiental, conforme começaram a calcular integrantes do Ministério Público de Minas Gerais.

Menos de 24 horas depois da tragédia em Brumadinho, as sirenes de alerta acordaram os moradores ao raiar do dia. Em comunicado, a Vale explicou que foi detectado aumento dos níveis da água na região. “A Vale informa que, por volta das 5h30 deste domingo, acionou as sirenes de alerta na região da Mina Córrego do Feijão, ao detectar aumento dos níveis de água nos instrumentos que monitoram a barragem VI.”

A barragem faz parte do complexo de Brumadinho. As autoridades foram avisadas, e os moradores começaram a ser retirados do local. “Como medida preventiva, a comunidade da região está sendo deslocada para os pontos de encontro determinados previamente pelo Plano de Emergência”, informou a empresa.

O risco iminente de rompimento da barragem de água B6 da Vale obrigou o Corpo de Bombeiros a evacuar 24 mil pessoas de suas casas. Os bombeiros calculam que, em caso de vazamento, entre 3 e 4 milhões de metros cúbicos de água podem chegar à cidade. As áreas de maior risco são os bairros Pires e Novo Progresso, o Parque da Cachoeira e o Centro. A água chegaria em 30 minutos até a área central no caso do rompimento.  A corporação mobiliza caminhões e aeronaves, caso seja necessário socorro urgente.

Em outubro do ano passado, quase três anos após o rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG), a Samarco e o Ministério Público de Minas Gerais firmaram o acordo que assegurava indenização aos membros da comunidade atingida pela tragédia. Os valores estão em processo de finalização, mas promotores calculavam que a empresa deveria desembolsar cerca de R$ 2 bilhões para indenizar 4.000 moradores. O número de afetados em Brumadinho já é seis vezes maior. Já haviam sido encontrados 37 corpos durante as buscas, interrompidas em razão de novos riscos. Há mais de 200 desaparecidos.

No acidente nuclear em Fukushima, no Japão, a empresa responsável pela usina teve de desembolsar o equivalente a R$ 40 bilhões para indenizar 80 mil pessoas.

Depois de bloquear R$ 5 bilhões para a reparação de danos ambientais, a Justiça mineira deferiu liminar determinando o bloqueio de outros R$ 5 bilhões da Vale para garantir a reparação dos danos às pessoas atingidas pelo rompimento de barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. A decisão foi proferida em Ação Cautelar Antecedente proposta pelo Ministério Público de Minas Gerais. Há, ainda, um bloqueio de R$ 1 bilhão, também por conta do desastre. Ao todo, os bloqueios chegam a R$ 11 bilhões.