Corregedoria Nacional de Justiça investiga suspeita de venda de decisões judiciais por magistrados de Goiás
Corregedoria Nacional de Justiça investiga suspeita de venda de decisões judiciais por magistrados de Goiás
STJ autorizou o cumprimento de mandados de busca e apreensão contra magistrados, advogados e empresários. Em um dos casos, desembargador teria recebido R$ 800 mil para proferir uma sentença.
Por Vitor Santana, G1 GO
Juiz e dois desembargadores são investigados em Goiás
A Corregedoria Nacional de Justiça determinou a apuração da denúncia de prática de venda de decisões judiciais por magistrados do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO). Nesta terça-feira (30) a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra advogados, juízes e empresários.
Os mandados foram autorizados pelo ministro Mauro Campbell Marques, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, pediu que as informações e eventuais provas colhidas sejam compartilhadas com a Corregedoria.
A troca de dados servirá para que sejam adotadas as devidas providências pela Corregedoria com relação à possível prática de infração disciplinar por parte dos magistrados investigados.
Inicialmente, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão. As decisões judiciais que seriam negociadas de maneira ilícita envolveriam processos de recuperação judicial de empresas.
O TJ-GO disse, por meio da assessoria de imprensa, que está colaborando com a investigação, fornecendo todos os dados solicitados, e que tem total interesse no esclarecimento do caso.
A assessoria de imprensa do STJ informou que o ministro Mauro Campbell Marques, viajou a Goiânia para despachar outros pedidos após o início da operação, pois os investigados tinham outros endereços que eram desconhecidos até então.
O STJ ressaltou que o ministro não acompanha os policiais federais e que está em uma das Varas Federais.
A Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego) informou que houve apenas busca e apreensão de documentos para apuração de denúncias sobre o caso, que ainda está em fase de investigação.
A entidade ressaltou ainda que o caso está em sigilo, mas acompanha o desenrolar dos acontecimentos.Além dos mandados, o STJ também autorizou a apreensão dos aparelhos celulares e a coleta de depoimentos dos investigados.
Investigação apura denúncia de venda de decisões judiciais no TJ-GO — Foto: Tribunal de Justiça/Divulgação
Venda de sentenças
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a ação é um desdobramento da Operação Máfia das Falências, deflagrada em novembro do ano passado, em Goiás e mais três estados. Ela apurou a existência de um grupo suspeito de fraudar falências de empresas.
Como membros do Judiciário com prerrogativa de foro foram investigados, a apuração passou a ser conduzida pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O MPF informou que os magistrados são investigados “por integrar organização criminosa envolvida com a venda de decisões judiciais em processos de recuperação judicial de empresas”.
Dois crimes foram relatados pela a subprocuradora-geral da República Lindôra Araujo. O primeiro, segundo ela, trata-se da “tentativa de nomeação de administrador específico para atuar no processo de recuperação judicial de uma usina de álcool para a obtenção de lucros”.
O outro refere-se à uma suposta venda de decisão judicial. No caso em tese, apura-se o pagamento de R$ 800 mil a um desembargador para autorizar o retorno desse investigado ao cargo de administrador judicial da usina.
Os investigados podem responder por corrupção, tráfico de influência, exploração de prestígio, advocacia administrativa e lavagem de dinheiro.
A Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego) informou que houve apenas busca e apreensão de documentos para apuração de denúncias sobre o caso, que ainda está em fase de investigação.
A entidade ressaltou ainda que o caso está em sigilo, mas acompanha o desenrolar dos acontecimentos.Além dos mandados, o STJ também autorizou a apreensão dos aparelhos celulares e a coleta de depoimentos dos investigados.
Leia a íntegra das notas
Tribunal de Justiça
Sobre a operação deflagrada na manhã desta terça-feira (30), por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Poder Judiciário goiano informa que colaborou efetivamente com a ação da Polícia Federal, fornecendo todos os dados solicitados e prestando os esclarecimentos necessários à elucidação da questão.
Como o processo corre em sigilo, o TJGO não pode fornecer mais detalhes, mas ressalta que se trata ainda de investigação e serão observados os princípios constitucionais, como o contraditório e amplitude de defesa, ou seja, dando aos envolvidos o direito de ampla defesa, de acordo com artigo 5°, inciso LV da Constituição Federal.
Por fim, informa que o deslinde do caso é de seu total interesse e que continua à disposição, tanto do STJ quanto do Conselho Nacional de Justiça, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal para aclarar tudo o que estiver a seu alcance.
OAB-GO
Nota oficial
A OAB-GO informa que foi comunicada, na madrugada desta terça-feira (30), por meio de seu Plantão de Prerrogativas, de operação da Polícia Federal que cumpre mandados de busca e apreensão por supostas fraudes em recuperação judicial de uma empresa em Goiás. Nos termos do artigo 7º, IV, da Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e da OAB), representantes da Comissão de Direitos e Prerrogativas acompanham o procedimento. A OAB não possui nem poderia dar detalhes da ação devido ao sigilo dos autos, determinado pelo Superior Tribunal de Justiça.
OAB Goiás
Asmego
A Asmego, Associação dos Magistrados do Estado de Goiás, vem a público esclarecer a sociedade goiana acerca dos fatos noticiados pela imprensa na data de hoje.
Inicialmente, cumpre ressaltar que se trata de procedimento de Busca e Apreensão de documentos, por ordem do Superior Tribunal de Justiça.
A medida visa à elucidação de denúncias sobre o caso, que ainda está em fase de investigação.
Por ora, o tema segue sob sigilo, por determinação do Ministro Mauro Campbell, do STJ.
A Asmego acompanhará o desenrolar dos acontecimentos, certa de que aos magistrados investigados será assegurado o devido processo legal, com todos os seus consectários, a ampla defesa e o contraditório.