Executivos brasileiros estão cautelosos, mas são os mais confiantes da AL

Executivos brasileiros estão cautelosos, mas são os mais confiantes da AL

Recuperação econômica puxa otimismo, mas atuação de Bolsonaro no início do governo gera dúvidas

São Paulo — A lua de mel do mercado e das empresas com a recuperação econômica continua: os executivos brasileiros são os mais confiantes na América Latina. É o que aponta uma pesquisa da consultoria Page Group, especializada em recrutamento, obtida com exclusividade por EXAME.

Ao mesmo tempo, contudo, há um clima de cautela no ar e o governo Bolsonaroprecisará mostrar que esse otimismo é justificável.

De acordo com o levantamento, feito em seis países diferentes da América Latina, os executivos brasileiros são os mais confiantes da região em relação ao crescimento da economia (82%), à queda do desemprego (79%) e ao quanto o valor do câmbio trará benéficos para os negócios (59%).

O fato de ter ocorrido uma mudança no governo ajuda a explicar o otimismo. Cerca de 77% dos respondentes afirmaram que estão otimistas com o mandato do presidente Jair Bolsonaro.

O sinal de alerta, no entanto, já está ligado. As cabeçadas dadas pela equipe do governo Bolsonaro desde janeiro e as dúvidas referentes às aprovações de reformas importantes ajudam a explicar essa cautela.

“Os planos continuam dentro das empresas, que estão confiantes de que o mercado irá melhorar. Mas ainda ninguém desembolsou todos os investimentos, pois está esperando as primeiras vitórias do governo, como a reforma da Previdência”, Ricardo Basaglia, diretor geral da Michael Page e Page Personnel, ligadas à Page Group.

Há um outro fator adicional para ajudar a fortalecer o otimismo: a base dos anos anteriores é fraca. Ou seja, existe o sentimento mais forte de que o pior da crise já passou. É o caso da indústria de materiais de construção.

Um dos setores que mais sofreram com a crise dos últimos anos, ele registrou um crescimento de 1,2% no ano passado em relação a 2017, de acordo com dados da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção).

Parece pouco, mas não é. Nos últimos anos, o setor chegou a apresentar queda de dois dígitos. De 2015 a 2017, a queda acumulada foi de 22%.

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“Mesmo se a economia for mal, nunca chegaremos aos números dos anos complicados. Mas há uma confiança de que a economia irá melhorar”, diz Rodrigo Navarro, presidente da ABRAMAT. Em janeiro, o setor apresentou uma retração de 3,5% em relação ao mesmo período do ano passado.

Mais investimentos e empregos

De forma geral, os executivos latinos devem investir mais em 2019 do que no ano passado. Segundo o levantamento da Page Group, 45% dos entrevistados possuem orçamentos maiores. Outros 40% devem ter o mesmo montante e apenas 15% terão menos dinheiro em caixa.

A conta é puxada para cima pelo Brasil: 63% dos executivos afirmam que investirão mais e apenas 6% dizem que gastarão menos do que no ano passado.

Isso deve gerar mais empregos na América Latina e no Brasil, diz a pesquisa. Cerca de 56% dos entrevistados devem contratar novos funcionários neste ano. Trata-se do maior percentual desde 2016.

“Porém, o cenário ainda poderá ter várias mudanças, devido às situações macroeconômicas no Brasil e no mundo, então as lideranças precisarão estar atentas para mudar os rumos quando necessário”, afirma Basaglia, da Michael Page.

Chilenos e colombianos otimistas com governantes

Além do Brasil, o Chile e a Colômbia possuem governantes que estão em alta com os executivos de empresa.

O presidente chileno Sebastián Piñera, aliás, possui uma popularidade com o mercado até maior do que Bolsonaro: 90% estão confiantes com o seu mandato. Na terceira posição. Está o colombiano Iván Duque, com 62% de aprovação.

Por outro lado, o mexicano Andrés Manuel Lópes Obrador (86%), o peruano Martin Vizcarra (75%) e o argentino Mauricio Macri (65%) são os comandantes dos países que sofrem com a maior desconfiança do mercado.

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