João de Deus: fechado laboratório que produzia “cápsulas energizadas”
Segundo a Secretaria de Saúde, medicamentos foram apreendidos em batida na manhã desta sexta-feira (21/12)
Apontada pelas vítimas como sendo o local onde João de Deus cometia abusos sexuais, a Casa Dom Inácio de Loyola foi alvo de novas buscas da polícia nesta sexta-feira (21/12). Técnicos da Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa) também fizeram inspeção no laboratório montado no centro de Abadiânia (GO), no Entorno do Distrito Federal. Após a batida, a fábrica foi fechada. A informação é da promotora Gabriella de Queiroz e foi confirmada pelo órgão ao Metrópoles.
“A manipulação dos itens estava fora das normas”, disse a promotora. De acordo com ela, uma autuação administrativa foi encaminhada ao Ministério Público de Goiás.
Segundo a Secretaria de Saúde de Goiás, “a inspeção foi feita para verificar a qualidade de medicamentos comercializados naquela instituição. No entanto, o trabalho ainda se encontra em fase de coleta. Dessa forma, a Suvisa adianta que só irá se pronunciar após as conclusões das pesquisas e análises realizadas com os produtos”, destacou a nota encaminhada pela pasta.
O alvo são as chamadas “cápsulas energizadas”. No depoimento de seis páginas que prestou na Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Goiânia (GO) no dia 16 de dezembro, ao qual o Metrópoles teve acesso, João Teixeira de Faria, o João de Deus, 77, admitiu que fabrica remédios em um laboratório na Casa Dom Inácio. Eles são revendidos aos “pacientes” do centro espiritualista.
Brasil
De acordo com João de Deus, a caixa com 10 comprimidos é comercializada por aproximadamente R$ 50 — o valor, no entanto, pode chegar a R$ 100. “Não tenho certeza do preço. No atendimento, não é repassada a receita. As orientações são repassadas pelo espírito, ou seja, não é de maneira escrita. Apenas atendo e oriento”, afirmou.
João de Deus: fechado laboratório que produzia “cápsulas energizadas”
PCGO / Divulgação
Mala de dinheiro estava em um dos endereços de João de Deus PCGO / Divulgação
Pedras que se assemelham a esmeraldas foram recolhidas PCGO / Divulgação
Polícia acha fundo falso em guarda-roupa em uma casa de João de DeusPCGO / Divulgação
PCGO / Divulgação
Mala de dinheiro estava em um dos endereços de João de Deus PCGO / Divulgação
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Mala de dinheiro estava em um dos endereços de João de Deus PCGO / Divulgação
Pedras que se assemelham a esmeraldas foram recolhidas PCGO / Divulgação
Polícia acha fundo falso em guarda-roupa em uma casa de João de DeusPCGO / Divulgação
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Mala de dinheiro estava em um dos endereços de João de Deus PCGO / Divulgação
Perguntado pelo advogado se ele coage as pessoas a comprar a medicação, disse que não existe qualquer imposição. Alguns até a adquirem mesmo sem “a orientação do espírito”. A força-tarefa da Polícia Civil e do Ministério Público de Goiás fez uma varredura no laboratório nessa terça-feira (18/12).
Por meio de nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) destacou que os medicamentos precisam ter o registro da instituição vinculado ao Ministério da Saúde. Quem age de forma contrária comete crime.
“A existência de alvará sanitário ou autorização para funcionamento são de responsabilidade da própria Vigilância Sanitária municipal ou estadual, que possuem autonomia administrativa e são vinculadas às respectivas secretarias de Saúde e responsáveis pela fiscalização e emissão dos respectivos documentos”, destacou o órgão.
A delegada Karla Fernandes, da Deic, informou no dia 19 de dezembro que o laboratório possui alvará de funcionamento. Depois da prisão preventiva de João de Deus, as cápsulas passaram a ser distribuídas gratuitamente. Funcionários da Casa Dom Inácio de Loyola afirmaram ao Estadão que a mudança foi determinada pelo próprio médium, que costumeiramente indicava o remédio manipulado para mais de dois terços dos frequentadores.