Lote com 6,4 mil doses da CoronaVac chega ao TO enquanto cidades enfrentam problemas para garantir segunda dose
Lote com 6,4 mil doses da CoronaVac chega ao TO enquanto cidades enfrentam problemas para garantir segunda dose
Entrega é realizada no momento em que mais de 60 cidades no interior do estado relatam dificuldades para cumprir prazos da aplicação por falta de doses ou baixos estoques do imunizantes.
Novas doses chegaram a Palmas na noite de sexta-feira — Foto: Divulgação/Latam
O Tocantins recebeu uma nova remessa com 6,4 mil doses da vacina CoronaVac, do Instituto Butantan e da Sinovac, na noite desta sexta-feira (7). Os imunizantes foram enviados pelo Ministério da Saúde e trazidos em um voo comercial da Latam, que realizou o transporte gratuitamente, e pousou em Palmas por volta das 23h.
As vacinas foram levadas para a Central de Distribuição da capital para serem conferidas e contadas antes de serem liberadas para os municípios. A Secretaria de Estado da Saúde ainda não anunciou a data em que a conferência deve terminar, mas a expectativa é de que isso ocorra no começo desta próxima semana porque em remessas anteriores o período de contagem foi de poucos dias.
O novo lote chega em um momento em que mais de 60 prefeituras no interior do estado relatam dificuldades para garantir o cumprimento dos prazos de aplicação da segunda dose nos moradores. Em algumas destas cidades já há pessoas com a vacinação atrasada e em outras os estoques não são suficientes para atender todos que estão com a D2 agendada para os próximos dias.
Além da CoronaVac, o Tocantins usa vacinas produzidas pela Fiocruz em parceria com Oxford/AstraZeneca e também as doses da Pfizer. Estas últimas foram enviadas para que grávidas e pessoas com comorbidades pudessem entrar nos grupos prioritários. Para estas vacinas, ainda não há relatos de falta da D2.
A questão é que não há como utilizar imunizantes de duas fabricantes diferentes para completar um mesmo ciclo de imunização. Quem foi vacinado na D1 com a CoronaVac precisa da dose de reforço desta mesma vacina.
Nesta sexta-feira (7) o Governo do Tocantins negou que exista risco do estado passar por falta das D2, já que, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, todas as cidades já receberam os imunizantes. Mesmo assim, uma lista divulgada pelo Conselho das Secretaria Municipais de Saúde do Tocantins (Cosems-TO) mostra que em algumas cidades o número de doses faltando passa de 500.
Doses da CoronaVac chegaram ao Tocantins na noite de sexta — Foto: Zezinha Carvalho/Governo do Tocantins
Vaivém de decisões
De acordo com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a interrupção é resultado da conduta de seu antecessor no comando da pasta, Eduardo Pazuello. “[O atraso] decorre da aplicação da segunda dose como primeira dose”, afirmou. “Logo que houver entrega da CoronaVac, [o problema] será solucionado.”
Antes, os estados estocavam vacinas para garantir que todas as pessoas já imunizadas recebessem a segunda dose. Em fevereiro, no entanto, Pazuello mudou a orientação: determinou que todos os imunizantes fossem aplicados de imediato, sem a preocupação de guardar parte delas.
Foi um vaivém de regras: dias depois, o Ministério da Saúde voltou atrás e disse que os estados deveriam, sim, estocar a CoronaVac para garantir a segunda dose a todos. Em março, mais uma vez, a pasta mudou de opinião e orientou a aplicação de todas as vacinas, sem reservas.
“O ministério fez isso, mas nós somos dependentes da China para os insumos farmacêuticos ativos (IFAs). O erro foi ter feito essa orientação sem ter garantia de que a produção estava iniciada. Contar com IFA que nem saiu da China é uma situação complicada”, diz a epidemiologista Ethel Maciel.
Em abril, Queiroga foi ao Senado para dizer que a orientação mudou mais uma vez: desde então, os estados devem armazenar metade do estoque para garantir que o esquema vacinal de duas doses seja cumprido no intervalo correto (28 dias para a CoronaVac/Butantan e 3 meses para a de Oxford/Fiocruz).