Ministro Augusto Heleno nega que aproximação com Israel signifique afastamento do mundo árabe
JERUSALÉM — O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, negou que o fortalecimento das relações com Israel signifique que o Brasil esteja num movimento de distanciamento dos países árabes. Heleno integra a comitiva do presidente Jair Bolsonaro que chegou neste domingo a Israel para uma visita de quatro dias.
Heleno explicou que considera natural o interesse do Brasil em ter laços de cooperação com Israel em áreas nas quais o país tem tecnologias avançadas, como a militar e a de dessalinização de água. Mas afirmou que isso não deve ser visto como sinal de antagonismo com o mundo árabe.
— Nos interessa essa aproximação com Israel, sem que isso signifique de maneira nenhuma um afastamento da comunidade árabe. Isso precisa ficar muito claro — afirmou.
O ministro alegou falta de tempo ao minimizar o fato de Bolsonaro não dividir sua agenda entre israelenses e palestinos, a exemplo do que fez o ex-presidente Lula em 2010, quando se tornou o primeiro chefe de Estado brasileiro a visitar Israel.
— Nem se pensou nisso — disse Heleno, rejeitando que haja favorecimento de Israel em detrimento dos palestinos. — Não há desequilíbrio: Outro dia nós fomos ao Chile e não fomos à Argentina. Vai ter outra época para isso. Estão querendo fazer ilações que não são corretas.
Uma das principais preocupações entre setores exportadores é de que a aproximação com Israel leve países árabes a reduzir o comércio com o Brasil, principalmente diante da promessa feita por Bolsonaro de que pretendia transferir a embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém. Ainda não está claro, porém, qual será a decisão do presidente e se ela será anunciada durante a visita.
Após ser recebido no aeroporto de Tel Aviv pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Bolsonaro volta a se reunir com ele neste domingo, quando está prevista a assinatura de seis acordos bilaterais em áreas como ciência e tecnologia, defesa, segurança pública e cibersegurança e saúde. Heleno não quis adiantar quais seriam os ganhos concretos do Brasil em, por exemplo, transferência de tecnologia militar avançada de Israel.
— A vinda aqui não quer dizer que a gente vá comprar uma série de coisas, porque hoje nós não estamos em condições de fazer isso. Mas é lógico que Israel é um país extremamente desenvolvido na área de equipamento militar e sempre é bom estar em contato com eles. Se houver uma proposta que seja razoável e nos interesse, pode acontecer, mas nada específico.