BRASÍLIA — Ao comentar o desfile militar realizado nesta terça-feira em frente à Praça dos Três Poderes, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que “nada nem ninguém” irá intimidar o Congresso. Pacheco também reafirmou seu “compromisso com a democracia” e com o Estado Democrático de Direito.

— Sobre essa manifestação de hoje, desfiles de tanques das Forças Armadas em Brasília, que muitos senadores apontaram como algo que seria indevido, inoportuno, um tanto aleatório, devo dizer para aqueles que assim interpretaram que está reafirmado nosso compromisso com a democracia e absolutamente nada nem ninguém haverá de intimidar as prerrogativas do Parlamento — disse Pacheco, durante sessão do Senado.

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Em seguida, o presidente do Senado disse que não vê “risco” de intimidação, mas ressaltou a “responsabilidade cívica” de respeitar a Constituição:

— Não que eu interprete isso como algo que seja consistente de intimidação ao Parlamento. Tampouco acredito, na maturidade institucional que temos, que haja algum risco nesse sentido, mas temos que afirmar e reafirmar sempre, para todos quantos sejam no Brasil, essa nossa responsabilidade cívica com a obediência à Constituição Federal.

Pacheco também afirmou que não se deve “supervalorizar” as coisas, mas disse que “todos” no Senado estão “prontos” a reagir contra “arroubos” e “bravatas”:

— Sem supervalorizar aquilo que não deve ser valorizado, mas absolutamente atentos a todas as manifestações que possam constituir, repito, algum tipo constrangimento ou intimidação ao Congresso Nacional, estaremos sempre prontos, todos nós, isso é algo que nos converge absolutamente, todos nós prontos a reagir a arroubos, a bravatas, a ações que definitivamente não calham no Estado Democrático de Direito.

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O desfile militar, acompanhado pelo presidente Jair Bolsonaro do alto da rampa do Palácio do Planalto, ocorreu no dia que a Câmara irá votar a proposta de adoção do voto impresso. A iniciativa do governo provocou reação de parlamentares e foi vista como um ato de intimidação e pressão ao Congresso.

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O comentário de Pacheco foi feito durante sessão que aprovou projeto que altera a Lei de Segurança Nacional. Outros parlamentares também criticaram o desfile, como o líder do MDB, Eduardo Braga (AM), que afirmou que pretendia “valorizar a democracia”:

— Eu prefiro valorizar a democracia a valorizar o que é inoportuno, a valorizar um desfile sem consequência. O que é consequente, senhor presidente, é o que nós estamos votando hoje aqui no Senado. O que é consequente é a democracia brasileira, que pode ter seus defeitos, mas não há regime melhor que a democracia.

Na mesma sessão, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) afirmou que não existe “ameaça” à democracia brasileira e que Bolsonaro “respeita as instituições”. Flávio disse que a população deve aplaudir quando vir militares nas ruas.