‘Não é da sua conta’, diz Bolsonaro ao WP sobre elo do filho com ‘gangues’

Nelson de Sá

Nelson de Sá

‘Não é da sua conta’, diz Bolsonaro ao WP sobre elo do filho com ‘gangues’

NYT e WSJ alertam para ‘consequências’ das ações apressadas americanas na Venezuela

Lally Weymouth, filha da lendária publisher Katharine Graham, foi falar com Bolsonaro em Davos para o Washington Post. Perguntou sobre “o escândalo envolvendo seu filho”, que teria “empregado pessoas com laços estreitos com membros de gangues”.

Resposta: “Este não é um assunto de governo —ou da sua conta— mas eu vou dar minha opinião. Seu nome de família, Bolsonaro, é a razão. É resultado de acusações políticas ao meu governo”.

Weymouth também perguntou se ele podia “assegurar à comunidade LGBT que eles têm lugar no seu Brasil”. Bolsonaro disse que “todos têm lugar no nosso Brasil”.

Pouco depois da entrada no ar da entrevista, outro filho seu festejava no Twitter o exílio do deputado Jean Wyllys. Que o mesmo WP, o Guardian, a Bloomberg e outros noticiaram sublinhando ser devido às “ameaças de morte” de bolsonaristas.

A Bloomberg lembrou que, ao entrevistar o presidente brasileiro no dia anterior em Davos, ele havia dito: “Eu não tenho nada contra gays”.

COOK & NADELLA

Felix Salmon, do site Axios, tuitou foto de Bolsonaro num jantar cerimonioso em Davos, sentado ao lado de Tim Cook e Satya Nadella, CEOs de Apple e Microsoft.

Como destacou o canal financeiro CNBC, Cook é homossexual e “defensor público dos direitos LGBTQ” e Nadella “defende pagamento igual para trabalho igual” —o que Bolsonaro “já disse que não faria”.

Na reação viral à foto de Bolsonaro (com tradutor) no jantar com Cook e Nadella: ‘Parece que alguém ficou de fora’

BLAIR

Quem também apareceu em foto ao lado de Bolsonaro foi o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

Owen Jones, colunista do Guardian, e o site The Canary, próximo da atual liderança trabalhista, defenderam sua expulsão do Partido Trabalhista pela “ação publicitária com o racista homofóbico fascista Bolsonaro”.

CONSEQUÊNCIAS

New York Times noticiou que “os militares venezuelanos apoiaram o presidente Nicolás Maduro”, num “revés para oposição”. O jornal ouviu, da secretária-assistente de Estado para América Latina de Obama: “Não creio que o governo pensou com cuidado em todas as consequências” ao reconhecer a oposição como governo.

Já o assessor de Segurança Nacional de Trump, John Bolton, também no NYT, voltou a cogitar intervenção militar, por ser no “nosso hemisfério”.

O correspondente-chefe para América Latina do Wall Street Journal, Juan Forero, anotou que “mudança de regime na Venezuela sempre dependeu dos quarteis”. E que os generais James Mattis, John Kelly e Herbert McMaster, hoje fora do governo Trump, “teriam sido mais deliberativos e considerado as consequências”.

Nelson de Sá
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