O CHARLATÃO DE GOIÁS JOÃO DO DIABO SE ENTREGA A POLICIA

João de Deus se entrega à polícia e é preso

Com prisão decretada por suspeita de abuso sexual contra mais de 300 mulheres, líder religioso se apresentou ao delegado geral de Goiás na tarde deste domingo em Abadiânia

16 Dezembro 2018 | 16h54

Mais de 300 mulheres fizeram denúncias ao MP de Goiás contra João de Deus Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil via AP

O médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, se entregou às autoridades e foi preso neste domingo, 16, em Abadiânia (GO). O líder espiritual teve o mandado de prisão decretado no fim da manhã de sexta, 14, e negociava os termos de sua apresentação. O criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende João de Deus, informou ao Estado que o médium aceitou a recomendação de se entregar na presença do delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes de Almeida.

“Ao contrário do que se dizia, o senhor João de Deus apresentou se espontaneamente às autoridades demonstrando a absoluta desnecessidade do decreto de sua prisão”, afirmou Toron ao Estado.

Uma vez preso, João de Deus será levado para Goiânia, onde prestará depoimento sobre as acusações.  Ele chegou

Ao Estado, o delegado André Almeida afirmou que o interrogatório será ‘longo e detalhado’. Em virtude da idade e dos crimes pelos quais é acusado, a expectativa é que o médium seja lotado em uma cela individual.

A defesa de João de Deus afirmou no sábado, 15, que planeja apresentar um pedido de habeas corpus para suspender a prisão preventiva. Segundo Toron, não há contemporaneidade entre as denúncias contra o médium e sua necessidade de prisão. “Os fatos são antigos e não aconteceu nada de novo que justificasse a prisão”, declarou.

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João de Deus aparece pela 1ª vez em Abadiânia após denúncias de abuso e diz ser inocente

Desde a revelação do caso, quando as primeiras acusações foram reveladas pelo Jornal Nacional e pelo Conversa com Bial, ambos da TV Globoa promotoria de Abadiânia, em Goiás, recebeu mais de 330 denúncias de abuso sexual contra João de Deus.

As acusações vieram dos Estados de Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pará, Santa Catarina, Piauí e Maranhão, e pelo menos seis países – Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça.

O crime teria ocorrido durante sessões espirituais no Centro Dom Inácio Loyola, em Abadiânia, cidade a 112 quilômetros de Brasília. O espaço atende cerca de 10 mil pessoas todo mês – 40% delas eram estrangeiras. Segundo a Promotoria, João de Deus oferecia “atendimentos particulares” a mulheres após os tratamentos, momento em que os abusos seriam cometidos.

A promotoria alega que quatro funcionários são suspeitos de participação nos crimes.

Na quinta, 14, o Ministério Público protocolou pedido de prisão preventiva contra João de Deus alegando que a liberdade do médium poderia ameaçar mulheres que dizem ter sido abusadas sexualmente ou provocar novas vítimas. O órgão também achou suspeita a movimentação de R$ 35 milhões de contas e aplicações financeiras em nome do médium.

No dia seguinte, a Vara Judicial de Abadiânia expediu o documento, mas ele não foi localizado pelas autoridades em 20 locais.

João de Deus foi considerado foragido da Justiça pelo Ministério Público no sábado e teve o nome incluído na lista de procurados da Interpol.

médium fez apenas uma aparição pública após a revelação das denúncias. Ao visitar a Centro Dom Loyola, em Abadiânia, se declarou inocente. “Eu estou na mão da lei brasileira. O João de Deus ainda está vivo”, disse.

mulher de João de Deus, Ana Keila Teixeira, participou de uma festa de distribuição de brinquedos em Abadiânia e pediu oração aos presentes. “Apesar das turbulências, peço que todos continuem rezando para que a verdade prevaleça”, afirmou. O evento é promovido anualmente pela família pela ocasião do Natal.

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