O pior divórcio do mundo: a mulher traiu o xeque e ele pagará 700 milhões

O pior divórcio do mundo: a mulher traiu o xeque e ele pagará 700 milhões | VEJA
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O pior divórcio do mundo: a mulher traiu o xeque e
ele pagará 700 milhões
O pacote, recorde na Inglaterra, inclui segurança para proteger os filhos da princesa Haya do
próprio pai, o emir de Dubai
Por Vilma Gryzinski Atualizado em 23 dez 2021, 09h02 – Publicado em 23 dez 2021, 06h54
Nem os ex-casais russos que eventualmente disputam milhões nos tribunais ingleses
conseguiram competir em matéria de revelações escandalosas – ou apenas
estonteantes, pelas quantias envolvidas – com o divórcio da princesa Haya e do
xeque Mohammed Bin Rashid Al-Makhtoum, que além de reinar sobre Dubai
também é primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos, a constelação de
micropaíses do Golfo Pérsico movidos a petrodólares.
A decisão já saiu: o xeque vai ter que participar com 700 milhões de dólares para
manter o padrão de vida de Haya e dos dois filhos menores, Jalila, de 14 anos, e
Zayed, de nove. E que padrão. Um exemplo: durante umas férias em que as coisas
ainda corriam bem, o casal gastou o equivalente a 2,6 milhões de dólares só em
morangos.
Entre outros pertences, Haya, que é filha do falecido rei Hussein da Jordânia e deu
um salto quântico em matéria de status financeiro quando se tornou a sexta mulher –
concomitante – do xeque, pediu a devolução de suas roupas de alta costura avaliadas
em 85 milhões de dólares. As joias são mais modestas: só 25 milhões de dólares.
Empregados para servir mãe e filhos, 80. Mesada das crianças, 13 milhões de dólares
por ano.
Haya saiu escondida de Dubai em 2019 e se instalou em seu palacete em Londres,
dizendo temer o marido, acusado de mandar sequestrar duas de suas próprias filhas
para impedir que escapassem de sua esfera de influência.
Não adiantou a cara feia: Al-Makhtoum tentou, mas não conseguiu escapar de um divórcio à inglesa Ali Haider/EFE

Na época, o xeque, que faz poesia pela internet, insinuou deslealdades. Muito
possivelmente já sabia que Haya havia tido um caso com um segurança da equipe
inglesa, Russell Flowers, um ex-militar bonitão.
Durante o processo, vieram à tona detalhes dolorosos. Haya foi chantageada pelos
seguranças para que não revelassem o romance.
“Amigos” de Flowers dizem que não foi exatamente assim: ele assinou um contrato
de confidencialidade, equivalente a 1,6 milhão de dólares, para não falar sobre o
assunto até o fim da vida.
O xeque, que é dono da maior rede de haras do mundo e através do mundo das
corridas de cavalo se aproximou da família real inglesa, não ficou sentando,
quietinho, enquanto corria o processo, obviamente com os mais caros advogados do
mercado londrino. Mandou espionar, justamente, a chefe da equipe contratada por
Haya, Fiona Shakleton, que é membro da Câmara dos Lordes. Seus agentes usaram
tecnologia vendida pelo NSO Group, empresa israelense já enrolada na espionagem
do saudita Jamal Khashoggi, morto e esquartejado no consulado em Istambul.
Os advogados do xeque tentaram evitar reiteradamente que a espionagem fosse
revelada, invocando inclusive a condição de governante estrangeiro de AlMakhtoum. Perderam. A própria NSO, através de seus representantes, informou ao
tribunal que havia detectado um uso “não contratual” do Pegasus, o incrível software
que invade qualquer celular no mundo e é vendido para combater terrorismo e outras
ameaças à segurança de estado.
Outra revelação de derrubar o queixo: o emir de Dubai tentou comprar um palacete
vizinho ao da ex-mulher só para espioná-la melhor.
Por causa dessas manobras, Al-Makhtoum foi considerado uma ameaça aos próprios
filhos e a enorme quantia destinada a segurança na sentença de divórcio visa a
protegê-los do próprio pai.
O juiz Philip Moor disse que, de maneira “única”, a “maior ameaça” à princesa e às
crianças provém do próprio xeque e “não de fontes externas”.
As varas de família são extremamente favoráveis às mulheres em processos de
divórcio, em especial no que diz respeito à divisão meio a meio do patrimônio e à
manutenção do padrão de vida que desfrutavam durante o casamento. Por isso,
estrangeiras com residência no país recorrem às cortes de Sua Majestade. Existe até
uma expressão, “turismo de divórcio”.
23/12/2021 15:37 O pior divórcio do mundo: a mulher traiu o xeque e ele pagará 700 milhões | VEJA
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As esposas de oligarcas russos e milionários árabes pegam carona nesse sistema. No
processo que era recorde até o de Haya, a mulher do magnata russo do gás Farkhad
Arkhmedov, Tatiana, ganhou exatamente 41,5% do seu patrimônio de 1,3 bilhão de
dólares. Ele não pagou e a mãe processou o próprio filho, Timur, por conspirar com o
pai para esconder a fortuna, um caso de descrer na espécie humana, como tantos
outros dessa esfera.
A fortuna pessoal de Al-Makhtoum é calculada em quatro bilhões de dólares, mas
obviamente ele e a numerosa família desfrutam também das benesses de estado.
O emir, um título equivalente ao de príncipe e comandante, construiu uma cidadeestado cheia de atrações turísticas mirabolantes e vantagens para empresas
estrangeiras, um modelo afetado pela pandemia, mas que mira no longo prazo, num
mundo pós-combustíveis fósseis.
A modernidade de Dubai convive com o estilo de vida bem tradicional dos
muçulmanos mais conservadores, com estrita separação entre os sexos fora da
família e mulheres cobertas por um manto negro da cabeça aos pés quando saem à
rua.
Nos velhos tempos, Haya poderia sofrer a pena capital reservada às mulheres infiéis.
Se tivesse continuado em Dubai, provavelmente seria confinada em algum palácio
sem nenhum acesso ao mundo exterior – como aconteceu com as filhas rebeldes do
xeque, agora aparentemente “reformadas”.
Em Londres, estará livre para desfrutar o dinheiro que o ex-marido, muito contra a
vontade, terá que dar. O pacote é vitalício e inclui até 7 milhões de dólares para que a
princesa jordaniana, que já foi amazona competitiva, compre e mantenha cavalos de
raça. Também vai dar para pagar os morangos, embora seja difícil imaginar como um
ser humano gasta mais de dois milhões de dólares nisso numa temporada de férias.

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