Paulo Guedes adere à película antiespionagem – item básico nos celulares das autoridades em Brasília

Paulo Guedes adere à película antiespionagem – item básico nos celulares das autoridades em Brasília

Mas especialista alerta: ela não é garantia de proteção contra as lentes de fotógrafos e cinegrafistas
Aconselhado antes de ir pra Brasília, Paulo Guedes colocou uma película protetora no celular para evitar
Aconselhado antes de ir pra Brasília, Paulo Guedes colocou uma película protetora no celular para evitar “espionagem” Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

Recém-chegado a Brasília, o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, tem feito um esforço extra para usar seu telefone celular. Isso porque ele é um dos diversos políticos e membros do governo que instalaram uma película especial no aparelho, que dificulta a leitura da tela por outras pessoas que não seu dono.

A precaução, tomada após o economista receber conselhos antes de se mudar para a capital, faz sentido. Nos últimos anos, foram vários os escândalos envolvendo flagras de conversas e atividades um tanto inadequadas para políticos em espaços públicos. O próprio presidente eleito, Jair Bolsonaro, protagonizou um deles. Em fevereiro do ano passado, uma conversa pelo WhatsApp  com o filho Eduardo, deputado federal por São Paulo, foi flagrado pelo fotógrafo  Lula Marques. Nas mensagens, Jair Bolsonaro chama o filho de “irresponsável” e afirma: “não vou te visitar na Papuda”. Em 2015, o deputado federal  João Rodrigues (PSD-SC) foi filmado assistindo a um vídeo pornô  durante a votação da reforma política, na Câmara.

Sérgio Miranda, gerente de comunicação da Geonav, marca que comercializa acessórios para smartphones, explica que a película de privacidade nada mais é que um vidro com um filtro polarizador, que impede a passagem da luz para as laterais. Por padrão no mercado, esses produtos impedem a visualização da tela em ângulos superiores a 30 graus, para a direita e para a esquerda, e para cima e para baixo, a partir do centro. “Se o ângulo fosse menor, seria desconfortável para os usuários”, afirmou Miranda.

Quem observa a tela diretamente, em ângulo reto, têm uma transparência de 95%. À medida em que a inclinação vai aumentando, ela vai escurecendo, até ficar opaca. Quem olha para a tela pelas laterais, fora do limite de 60 graus, vê apenas um vidro fumê, não o conteúdo exibido na tela.

“A tecnologia não é nova. É parecida com a usada em óculos escuros ou no insulfilm. É a mesma lógica das janelas que impedem a visão de fora para dentro. O filtro polariza a luz, impedindo a visão a partir de um determinado ângulo”, explicou Miranda. “Num ônibus, por exemplo, a pessoa sentada ao lado não consegue ver a tela. Para conseguir enxergar, ela teria que esticar muito o pescoço. Mas as pessoas no banco de trás conseguem ver tudo.”

Essa limitação reduz a eficácia da solução para políticos. Tanto no caso de Bolsonaro, como no de João Rodrigues, os smartphones estavam virados para cima e foram flagrados de cima para baixo. Por viverem cercados por câmeras e olhares curiosos, políticos e outras personalidades que desejam manter a privacidade devem evitar conteúdos sensíveis em espaços públicos. Paulo Guedes, #ficaadica.

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