Polícia apreende mais dinheiro e pedras em casas de João de Deus

Polícia apreende mais dinheiro e pedras em casas de João de Deus

Em novas buscas nesta sexta-feira (21/12), as chamadas “cápsulas energizadas” vendidas na Casa Dom Inácio também foram recolhidas pela Saúde

PCGO/Divulgação

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PCGO/DIVULGAÇÃO
Manoela Alcântara
Luísa Guimarães
Márcia Delgado

Enviadas especiais a Goiânia (GO) — A Polícia Civil de Goiás fez novas buscas em endereços ligados a João Teixeira de faria, João de Deus. Três imóveis de Abadiânia (GO), no Entorno do Distrito Federal, foram alvos nesta sexta-feira (21/12). Os investigadores encontraram mais uma mala recheada de dinheiro e pedras que se assemelham a esmeraldas.

Os policiais ainda não sabem precisar quanto em dinheiro foi achado. Em um dos imóveis, eles encontraram um fundo falso com escada e um cofre no guarda-roupa, sem nada dentro. No dia 19 de dezembro, a Polícia Civil de Goiás encontrou R$ 400 mil, cinco armas, um simulacro e munição na residência do médium João de Deus, em Abadiânia.

O dinheiro estava dividido em notas de euro, dólar, libra, peso e real. As buscas e apreensões foram realizadas na tarde de terça-feira (18/12). Parte do montante foi localizada em fundo falso de um guarda-roupa no quarto do líder espiritual. O armamento estava espalhado em diversos cômodos.

João de Deus foi indiciado nessa quinta (20) por violação sexual mediante fraude. Se condenado, pode pegar até seis anos de cadeia. Ele foi preso preventivamente no domingo (16). Desde então, está na penitenciária de Aparecida de Goiânia. O médium foi ouvido no mesmo dia em que se entregou à polícia e pode prestar novo depoimento na próxima semana, por conta das novas apreensões feitas.

Apontada pelas vítimas como sendo o local onde João de Deus cometia abusos sexuais, a Casa Dom Inácio de Loyola também foi alvo de novas buscas nesta sexta-feira (21). Técnicos da Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa) fizeram inspeção no laboratório montado no centro de Abadiânia (GO), no Entorno do Distrito Federal.

A informação foi confirmada ao Metrópoles pela Secretaria de Saúde de Goiás (SES-GO). “A inspeção foi feita para verificar a qualidade de medicamentos comercializados naquela instituição. No entanto, o trabalho ainda se encontra em fase de coleta. Dessa forma, a Suvisa adianta que só irá se pronunciar após as conclusões das pesquisas e análises realizadas com os produtos”, destacou a nota encaminhada pela pasta.

O alvo são as chamadas “cápsulas energizadas”.  No depoimento de seis páginas que prestou na Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Goiânia (GO) no dia 16 de dezembro, ao qual o Metrópoles teve acesso, João Teixeira de Faria, o João de Deus, 77, admitiu que fabrica remédios em um laboratório na Casa Dom Inácio. Eles são revendidos aos “pacientes” do centro espiritualista.

De acordo com João de Deus, a caixa com 10 comprimidos é comercializada por aproximadamente R$ 50 — o valor, no entanto, pode chegar a R$ 100. “Não tenho certeza do preço. No atendimento, não é repassada a receita. As orientações são repassadas pelo espírito, ou seja, não é de maneira escrita. Apenas atendo e oriento”, afirmou.

Perguntado pelo advogado se ele coage as pessoas a comprar a medicação, disse que não existe qualquer imposição. Alguns até a adquirem mesmo sem “a orientação do espírito”. A força-tarefa da Polícia Civil e do Ministério Público de Goiás fez uma varredura no laboratório nessa terça-feira (18/12).

Por meio de nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) destacou que os medicamentos precisam ter o registro da instituição vinculado ao Ministério da Saúde. Quem age de forma contrária comete crime.

“A existência de alvará sanitário ou autorização para funcionamento são de responsabilidade da própria Vigilância Sanitária municipal ou estadual, que possuem autonomia administrativa e são vinculadas às respectivas secretarias de Saúde e responsáveis pela fiscalização e emissão dos respectivos documentos”, destacou o órgão.

A delegada Karla Fernandes, da Deic, informou no dia 19 de dezembro que o laboratório possui alvará de funcionamento. Depois da prisão preventiva de João de Deus, as cápsulas passaram a ser distribuídas gratuitamente. Funcionários da Casa Dom Inácio de Loyola afirmaram ao Estadão que a mudança foi determinada pelo próprio médium, que costumeiramente indicava o remédio manipulado para mais de dois terços dos frequentadores.

Nesta sexta, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli deve julgar o pedido de habeas corpus de João de Deus.

Aguarde mais informações

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