Por que os Estados Unidos atacaram o Irã no Iraque?


Por que os Estados Unidos atacaram o Irã no Iraque?

Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

03/01/2020 09h22Atualizada em 03/01/2020 12h02

RESUMO DA NOTÍCIA

  • Irã, de um lado, e Estados Unidos e Iraque, de outro, vivem escalada de tensão
  • EUA diz que agiram após ter sua embaixada em Bagdá invadida
  • Segundo Pentágono, general iraniano morto estava por trás de planos para atacar diplomatas americanos
  • Ataque a petroleiros no Golfo e a refinarias na Arábia Saudita acirraram relação diplomática

Um ataque norte-americano ao Aeroporto de Bagdá, no Iraque, matou ao menos oito pessoas, entre elas, o principal alvo dos Estados Unidos, o general iraniano Qasem Soleimani, um dos homens mais importantes do Irã.

Embora o governo americano tenha mencionado uma invasão à sua embaixada no Iraque como justificativa para a ação, episódios recentes vinham aumentando a tensão envolvendo o Irã de um lado e Estados Unidos e Iraque de outro.

Foto mostra veículo destruído perto de onde o comboio do general iraniano Qasem Soleimani foi alvo de ataque de drone dos EUA quando deixava o aeroporto de Bagdá, no Iraque - AFP/HO/IRAQI MILITARY
Foto mostra veículo destruído perto de onde o comboio do general iraniano Qasem Soleimani foi alvo de ataque de drone dos EUA quando deixava o aeroporto de Bagdá, no Iraque

Imagem: AFP/HO/IRAQI MILITARY

Invasão à embaixada americana

Qasem Soleimani era o chefe da Força Revolucionária da Guarda Quds, a tropa de elite do exército iraniano apontada como responsável pela invasão à embaixada americana em Bagdá no início da semana.

O Irã nega participação na invasão. Já os EUA afirmam, por meio de nota emitida pelo governo, que “Soleimani estava desenvolvendo planos para atacar diplomatas americanos e membros do serviço no Iraque e em toda a região” e que, por isso, a resposta teve como objetivo “impedir futuros planos de ataque iranianos”.

O chefe militar iraniano Qasem Soleimani, morto em um atentado dos EUA no aeroporto de Bagdá, no Iraque, em foto de outubro de 2019 - KHAMENEI.IR / AFP
O chefe militar iraniano Qasem Soleimani, morto em um atentado dos EUA no aeroporto de Bagdá, no Iraque, em foto de outubro de 2019

Imagem: KHAMENEI.IR / AFP

Ataque a petroleiros no Golfo

A histórica tensão entre americanos e iranianos, no entanto, se aprofundou em junho passado, quando dois petroleiros, um norueguês e outro japonês, foram atingidos por torpedos no golfo de Omã, uma área próxima ao Estreito de Ormuz, de onde sai um quinto do petróleo consumido no mundo.

Os iranianos negaram participação no ataque. Segundo os EUA, porém, toda a tecnologia usada era tinha origem no Irã, o país ocidental mais influente da região.

Refinaria saudita é atacada

Três meses depois, em setembro, um ataque a duas instalações petrolíferas da Arábia Saudita ganhou as manchetes.

O disparo de 25 mísseis balísticos e drones contra duas refinarias —incluindo a maior do mundo— aumentou ainda mais a tensão, com a suspensão de metade da produção das petrolíferas, afetando 6% do abastecimento global.

Embora os rebeldes houthis, do Iêmen, tenham reivindicado o atentado, os Estados Unidos culparam o Irã, responsável por financiar o grupo.

Para analistas, o objetivo iraniano era desestabilizar a Arábia Saudita, aliada dos Estados Unidos desde o final dos anos 1940, quando os americanos tornaram o petróleo um combustível estratégico para seu desenvolvimento e supremacia econômica.

Escalada de tensões no Iraque

O Irã é hoje uma potência regional suspeita de armar e financiar grupos armados para desestabilizar Iraque, Síria e Líbano. No Iraque, esse papel é exercido desde 2014, depois que o Irã ajudou a expulsar o Estado Islâmico do país sob as bênçãos dos Estados Unidos.

As milícias iranianas, no entanto, decidiram ficar no país, irritando iraquianos e americanos. Em protesto, dezenas de iraquianos tentaram incendiar a sede do Consulado do Irã em Carbala, a 85 km de Bagdá, em outubro passado.

Tensão entre EUA e Irã coloca a política externa brasileira em encruzilhada

UOL Notícias

Comentários
você pode gostar também