Russos e americanos trocam acusações sobre planos de usar armas biológicas

Por Jornal Nacional


Russos e americanos trocam acusações sobre planos de usar armas biológicas

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Russos e americanos trocam acusações sobre planos de usar armas biológicas

No Conselho de Segurança da ONURússia e Estados Unidos trocaram acusações sobre planos de uso de armas biológicas.

O representante russo foi o primeiro a falar. Disse que o Ministério da Defesa do país tem documentos que confirmam a existência de 30 laboratórios na Ucrânia que conduzem experimentos para fortalecer bactérias causadoras de doenças mortais e que o projeto seria em parceria com os Estados Unidos.

A acusação surgiu pela primeira vez no último domingo (6). O Ministério da Defesa russo disse ter encontrado um documento que detalharia experimentos biológicos secretos. A autenticidade não foi confirmada até agora.

Na terça-feira (8), o Kremlin disse que tinha evidências de que no dia da invasão, 24 de fevereiro, Estados Unidos e Ucrânia tentaram destruir amostras de doenças raras num laboratório, como peste, antrax e cólera, e que havia laboratórios americanos desenvolvendo armas biológicas nas cidades de Kharkiv e Poltova.

Na ocasião, os Estados Unidos reagiram em várias frentes. Tanto o Departamento de Estado como a Casa Branca disseram que a Rússia tem histórico de acusar o Ocidente dos crimes que comete e poderia estar preparando as bases para seus próprios ataques com armas proibidas.

Na quinta-feira (10), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que os laboratórios na Ucrânia estão lá desde que o país fazia parte da União Soviética, desenvolvem pesquisas científicas, e não armas de destruição em massa. Zelensky completou:

“Sou presidente de uma nação decente, pai de duas crianças. Nenhuma arma de destruição em massa foi desenvolvida aqui”.

 

No século passado, os Estados Unidos e a então União Soviética tinham um avançado programa de desenvolvimento de armas biológicas. Em 1972, tanto os Estados Unidos quanto a antiga União Soviética assinaram a Convenção das Armas Biológicas, que entrou em vigor em 1975. Desde 1997, as armas químicas são proibidas.

Ambos os tratados proíbem o desenvolvimento, produção, aquisição, transferência, armazenamento e uso dessas armas. Mas na reunião desta sexta-feira na ONU a Rússia acusou os Estados Unidos de descumprirem o acordo – e a China fez coro. O representante chinês disse que os Estados Unidos têm 336 laboratórios ao redor do mundo para esse tipo de experimento.

Brasil, que ocupa uma cadeira temporária no Conselho de Segurança, disse que uma acusação grave dessas precisa de provas concretas e confirmada por uma autoridade independente e imparcial.

O embaixador brasileiro João Genésio de Almeida Filho disse que o Brasil acredita que pesquisas científicas legítimas devem ser claramente separadas de atividades que signifiquem desenvolvimento de armas biológicas. Tanto que existem laboratórios que estudam doenças, mas não produzem armas de guerra.

Mesmo assim, por precaução, nesta sexta a Organização Mundial da Saúde pediu à Ucrânia que destrua vírus e bactérias de laboratórios de pesquisa para evitar vazamentos em caso de ataque.

Os Estados Unidos disseram que a Rússia convocou a reunião unicamente para espalhar mentiras e desinformação; que os russos envenenam opositores com armas químicas e que colaboraram com o uso dessas armas na Síria; e que a atitude vem direto da cartilha de guerra russo, um jeito malicioso de encobrir as ações no ataque ilegal à Ucrânia.

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