ASSESSOR ‘OLAVISTA’ DE JAIR BOLSONARO EMPREGA GENRO DO IDEÓLOGO EM SEU GABINETE
Aluno número um de Olavo de Carvalho, Filipe Garcia Martins, aos 31 anos, deixou a vida de funcionário de baixo escalão da Justiça Eleitoral e se transformou em um dos principais assessores do presidente Jair Bolsonaro. De perfil tímido, é incapaz de se meter em investidas frontais contra quem quer que seja, o que o ajuda a navegar entre os inimigos. Tem olhar baixo e sua voz é pouco audível.
Já no mundo virtual, é conhecido por ser um dos principais arregimentadores de tropas olavistas (e hoje bolsonaristas) nas redes sociais. Emprega em seu gabinete no Palácio do Planalto o genro do professor e ideólogo do governo Bolsonaro. Chamado Henri Carrières, o diplomata trabalhou no governo do ex-presidente Michel Temer e foi exonerado por Onyx Lorenzoni na limpeza de “petistas” que fez no Planalto. Martins o readmitiu.
Antes de ingressar no Itamaraty, o genro de Olavo teve uma breve passagem pelo jornalismo como repórter da Folha de S.Paulo , onde fez um curso de trainee. Carrières é visto por colegas do Itamaraty como técnico e competente, com visões sobre a diplomacia que, até então, divergiam daquelas pregadas por Olavo de Carvalho e replicadas pelo chanceler — em especial a posição do governo sobre a atuação diplomática do Brasil na Venezuela.
A atuação política de Filipe Martins migrou da esfera virtual para a real a partir de 2018, quando passou a integrar a campanha de Jair Bolsonaro, e tornou-se institucional em 2019, ao ser alçado ao posto de assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, cargo ocupado pelo diplomata Frederico Arruda na gestão de Michel Temer e por Marco Aurélio Garcia nos anos petistas.
Hoje, impulsionado pela relação estreita com Eduardo Bolsonaro e pela proximidade geográfica com o presidente — o gabinete de Martins está no mesmo andar que o de Bolsonaro —, dita regras, filtra visitas, aconselha o mandatário — e se indispõe com os militares do Palácio. Na caserna, há o sentimento de que Martins estaria trabalhando para criar divergências entre militares e o presidente — em alguns casos, transmitindo informações confidenciais do Palácio para Olavo de Carvalho. Ainda assim, conflitos à parte, sua ascensão é inaudita.