Carcereiros de Lula: quem são os quatro homens com acesso ao ex-presidente na prisão Para evitar exposição da privacidade do ex-presidente, superintendente regional da Polícia Federal no Paraná restringiu o número de pessoas que podem acessar sala onde ele cumpre pena

Carcereiros de Lula: quem são os quatro homens com acesso ao ex-presidente na prisão
Para evitar exposição da privacidade do ex-presidente, superintendente regional da Polícia Federal no Paraná restringiu o número de pessoas que podem acessar sala onde ele cumpre pena
13/04/2018 – 13h15minAtualizada em 13/04/2018 – 14h37min

FÁBIO SCHAFFNER





Ex-presidente está preso na Superintendência da PF em Curitiba desde o último sábado (7), quando chegou de helicópteroHeuler Andrey / AFP

Nada é mais importante na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba do que proteger a privacidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cadeia. Para restringir ao máximo os riscos de vazamento de imagens de Lula preso, somente quatro pessoas têm acesso à sala onde ele permanece encarcerado, no último andar do prédio.

Tão logo o petista chegou ao local, ainda no sábado (7) à noite, o superintendente regional, Maurício Leite Valeixo, reuniu os principais membros de sua equipe e determinou que somente os policiais no topo da hierarquia local poderão manter contato com o ex-presidente.

Dessa forma, são carcereiros de Lula o próprio Valeixo, o diretor-executivo da PF no Paraná, Roberval Ré Vicalvi, o coordenador da força-tarefa da Lava-Jato na corporação, delegado Igor Romário de Paula, e o chefe de escolta e custódia da superintendência, Jorge Chastalo Filho.

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Nenhum dos quatro permanece de plantão em frente à sala de 15 metros quadrados onde Lula cumpre a pena de 12 anos e um mês de reclusão. Lá ficam de dois a três agentes por vez, em sistema de revezamento.

Lula foi orientado a bater na porta caso precise de alguma coisa. Assim que o ex-presidente esclarecer o que deseja, um dos agentes informa ao comando superior, via rádio, o teor do pedido.

Também é vetado aos policiais o uso de telefone celular enquanto custodiam Lula. O objetivo é cumprir a ordem do juiz Sergio Moro que, na PF, soou como ameaça:

— Se vazar uma imagem dele (Lula) na SR (Superintendência Regional), vou para cima de vocês — disse o juiz, segundo fontes da própria PF.

Confira abaixo quem são os quatro carcereiros de Lula:

Marcelo Leite Valeixo

Superintendente regional

Aos 50 anos, Valeixo ocupa pela segunda vez o comando da PF no Paraná. Ex-delegado da Polícia Civil, integrou entre 1994 e 1996 a equipe de elite da corporação — o Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre). Assumiu a chefia da Superintendência paranaense em 2009 e, dois anos depois, foi promovido a diretor-geral de Pessoal. Ocupou ainda a diretoria de Inteligência Policial e, em 2013, foi adido policial em Washington, nos Estados Unidos. Voltou ao Brasil em 2015, quando foi designado diretor da Divisão de Combate do Crime Organizado (Dicor), terceiro maior cargo da PF. No ano passado, voltou à Superintendência do Paraná após a aposentadoria do então titular do posto, delegado Rosalvo Ferreira Franco. Após a chegada de Lula, entrou em férias.

Roberval Ré Vicalvi

Diretor-executivo

Segundo homem na hierarquia da PF no Paraná, atualmente responde pelo comando do órgão, durante as férias de Valeixo. Vicalvi já ocupou o mesmo cargo em Alagoas e atuou em Brasília, onde conduziu inquéritos contra altas autoridades. Foi ele quem investigou, por exemplo, as denúncias a ex-ministra da Casa Civil no governo Lula, Erenice Guerra. Ela foi interrogada por quatro horas pelo delegado, respondendo a 100 perguntas sobre as suspeitas de enriquecimento ilícito por meio de propina paga por empresários interessados em fechar negócios com o governo. Na Superintendência, é Vicalvi quem recebe parlamentares e dirigentes petistas que tentam se encontrar com o ex-presidente. As visitas, contudo, são restritas à família.

Igor Romário de Paula

Coordenador da força-tarefa da Lava-Jato

À frente da Lava-Jato desde quando a operação foi deflagrada, é também desde 2013 o chefe da unidade de combate ao crime organizado da PF no Paraná. Antes, ocupou o mesmo cargo em Alagoas. Com atuação no caso Banestado, que apurou um esquema bilionário de lavagem de dinheiro, o delegado foi quem indicou para a chefia da Delegacia de Combates aos Crimes Financeiros de Curitiba a delegada Erika Marena. Juntos, eles deflagraram a Lava-Jato em 2014 — foi Erika quem deu nome à operação. Igor se envolveu em polêmica por declarar apoio a Aécio Neves (PSDB-MG) nas eleições presidenciais de 2014. Ele também negou, em resposta ao juiz Sergio Moro, que agentes federais tenham vazado imagens da condução coercitiva de Lula em 2016.

Jorge Chastalo Filho

Chefe de custódia e escolta

Agente da Polícia Federal há 15 anos, ganhou súbita notoriedade ao conduzir o ex-presidente Lula durante o primeiro depoimento do petista ao juiz Sergio Moro, em maio de 2017. Aos 45 anos, loiro, alto, de olhos claros e cabelo arrepiado, logo foi apelidado nas redes sociais de “policigato” e “Rodrigo Hilbert da PF”. Ex-integrante do Grupo de Pronta Intervenção da Polícia Federal (GPI), unidade de elite preparada para situações de alto risco, Chastalo é agora o responsável pela condução dos detidos pela Lava-Jato no Paraná. Ele substituiu o agente Newton Ishii, o “Japonês da Federal”. Coube a Chastalo recepcionar Lula aeroporto Afonso Pena e desde lá conduzi-lo de helicóptero até a Superintendência em Curitiba, onde permanece preso.

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