‘É difícil traçar o perfil de quem comete crimes de pedofilia’, diz policial que lança livro sobre o tema

‘É difícil traçar o perfil de quem comete crimes de pedofilia’, diz policial que lança livro sobre o tema

No Dia Nacional do Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o G1 conversou com o policial que atuou em operações que prenderam criminosos.


Por G1 RS

 

Luis Walmocy é policial federal da divisão que combate à crimes de pedofilia e lança nesta sexta-feira (18) um livro sobre o tema (Foto: Arquivo Pessoal )Luis Walmocy é policial federal da divisão que combate à crimes de pedofilia e lança nesta sexta-feira (18) um livro sobre o tema (Foto: Arquivo Pessoal )

Luis Walmocy é policial federal da divisão que combate à crimes de pedofilia e lança nesta sexta-feira (18) um livro sobre o tema (Foto: Arquivo Pessoal )

Crimes relacionados à pedofilia são difíceis de serem combatidos. A internet oferece riscos para crianças, que a usam sem monitoramentos dos pais e, por isso, é preciso redobrar a atenção e o alerta. Para discutir ideias como essa, o policial federal porto-alegrense Luis Walmocyr escreveu o livro “Protegendo Anjos”, com lançamento marcado para esta sexta-feira (18), data que também marca o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (confira o serviço abaixo).

Policial federal desde 2003, e lotado na área de combate à disseminação de pornografia infantil há oito anos, Walmocyr afirma que perdeu a conta de quantas ações contra crimes de pedofilia e compartilhamento de pornografia infantil já participou. “Não existe diferença entre o pedófilo que age na internet, e o que age fora dela”, comenta o policial.

Luis participou das investigações que levaram às operações Darknet, deflagradas em 2014 e 2016, para desarticular a ação de grupos que distribuíam pornografia infantil e estavam por trás de abusos. Operações como estas acontecem com frequência, como observa Luis. Na última quinta-feira (17), 251 pessoas foram presas no país, das quais 22 no RS, em uma ação contra pedofilia, desta vez da Polícia Civil. Combater esse tipo de crime é desafiador, conforme o policial.

Polícia Federal deflagrou a operação Darknet, uma das maiores realizadas no Brasil contra crimes de pornografia infantil e abuso  (Foto: PF/Divulgação)Polícia Federal deflagrou a operação Darknet, uma das maiores realizadas no Brasil contra crimes de pornografia infantil e abuso  (Foto: PF/Divulgação)

Polícia Federal deflagrou a operação Darknet, uma das maiores realizadas no Brasil contra crimes de pornografia infantil e abuso (Foto: PF/Divulgação)

“A Polícia Federal evolui constantemente, porque o crime também evolui. Há métodos básicos de investigação de crimes na internet e também ferramentas avançadas que permitem esse tipo de trabalho”, afirma. Especialmente quando são utilizados servidores internacionais para a hospedagem de material, casos em que fica mais difícil detectar e combater o crime, detalha Luis.

Sensação de anonimato

O combate aos crimes sexuais contra crianças é complexo. “Quando a polícia atua, é porque o pior já aconteceu”, resume o policial. É difícil identificar um perfil entre quem distribui pornografia infantil ou comete abusos.

“Temos pedófilos em todas as classes sociais. Os familiares sequer desconfiam que a pessoa comete estes crimes”, diz.

A sensação de anonimato da internet, em especial da “deep web” – onde os sites não são facilmente acessáveis pelos navegadores mais utilizados – acaba possibilitando a ação dos pedófilos neste ambiente. Luis explica que as operações Darknet conseguiram chegar na chamada “dark web”, a parte da “deep web” que é mais restrita, e onde criminosos aproveitavam para trocar informações e imagens. “Lá, eles conseguiam trocar informações de forma muito mais extrema”, descreve Luis.

Além disso, ao encontrarem “iguais”, os suspeitos se sentem mais livres, para trocar informações, cometer crimes e até se identificarem. “Mas primeiro, se encontram anonimamente. Na medida em que se sentem mais seguros, se abrem. Sempre entre grupo fechado”, diz o policial. “Certa vez, um homem que havia cometido estes crimes me falou algo que nunca esqueci: que o maior medo não era ser preso ou condenado, e sim que fosse identificado”, relata.

Vigilância dos pais é a melhor prevenção

Uma das motivações que Luis encontrou para escrever o livro foi o alerta aos pais. “Smartphones e tablets são acesso a um mundo maravilhoso de informação, mas também colocam em risco as crianças”, diz ele.

A melhor forma de prevenir é a orientação e cumplicidade dos pais.

“Os pais têm que ser confidentes, para que os filhos aprendam a confiar neles e contar quando forem abordados por suspeitos”, conclui o policial.

Lançamento do livro “Protegendo Anjos”, de Luis Walmocyr, Editora Buqui

Data: 18 de maio

Horário: 18 horas

Local: sede do Sindicato dos Policiais Federais do Rio Grande do Sul (Sinpef-RS), avenida Ipiranga, 1555, 7ª andar, Porto Alegre

Tragédia inspirou criação da data

O dia 18 de maio foi oficializado como a data oficial que marca o combate a este tipo de crime por causa de uma história que chocou o Brasil nos anos 1970, quando a menina Araceli, de 7 anos, foi brutalmente morta após ter sido estuprada e torturada em Vitória, no Espírito Santo.

Instituída pela lei federal 9.970, em 2000, tem como objetivo mobilizar, sensibilizar, informar e convocar toda a sociedade a participar da luta em defesa dos direitos de crianças e adolescentes.

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