Witzel diz que linha de investigação inicial sobre ataque a carro de Martha Rocha é de tentativa de latrocínio

Witzel diz que linha de investigação inicial sobre ataque a carro de Martha Rocha é de tentativa de latrocínio
Governador disse que há histórico de casos semelhantes na região, mas acrescentou que hipótese de atentado não está totalmente descartada.
Por Raoni Alves, G1 Rio
Governador Wilson Witzel chega à DH após o carro da deputada Marta Rocha ser alvejado — Foto: Raoni Alves/G1
O governador do Rio, Wilson Witzel, afirmou na tarde deste domingo (13) que a linha inicial de investigação da polícia no caso do ataque ao carro da deputada estadual Martha Rocha (PDT-RJ) é a de tentativa de latrocínio. Ele afirmou, porém, que a possibilidade de um atentado a vida da deputada não está descartada.
“Inicialmente eu fiquei muito preocupado por ser possivelmente um atentado a um agente do estado e nós não podemos deixar impune quem quer que seja que atente contra o estado democrático de direito. E ouvindo aqui o delegado Giniton [Lages, da DH, muito experiente nesse tipo de investigação, juntamente com o nosso secretário [de Polícia Civil] Marcos Vinicius, me foi informado que uma linha inicial de que possivelmente será uma tentativa de latrocínio”, disse Witzel, após visita a Delegacia de Homicídios.
“Foi uma tentativa de latrocínio, uma vez que já há outras ocorrências no local e a polícia já estava investigando esses meliantes que estavam ali praticando esse tipo de crime. Já há uma possível identificação e a polícia vai trabalhar e solicitar um mandato de prisão e vai atrás dessas pessoas que estão praticando esse tipo de crime naquela região”, disse o governador.
No fim da entrevista a jornalistas na porta da DH, Witzel afirmou que apesar da linha inicial, a hipótese de atentado a vida da deputada não está descartada. Mais cedo, Marta Rocha afirmou que recebeu informações do Disque Denúncia de que havia ameaças a sua vida.
“É uma das possibilidades (atentado), assim como foi falado aqui hoje na reunião. E por isso a determinação para que haja uma escolta (para a deputada). Não tinha conhecimento dessa situação de que ela tinha sido ameaçada e se tivesse tido conhecimento, imediatamente eu teria determinado a escolta para trotege-la”, acrescentou Witzel.
O governador também informou que determinou escolta para a deputada estadual.
“Nós não teremos leniência na investigação contra quem quer que seja do crime organizado. Quando eu digo crime organizado é dizer os participantes do narcoterrorismo e também os milicianos, que não deixam de ser outros também pertencentes a esse tipo de organização terrorista que vem atingindo nosso Estado do Rio de Janeiro”.
“A polícia vai investigar todos. Eu não tenho compromisso com bandido e nem com vagabundo. Meu compromisso é com a sociedade”, concluiu.
Motorista ferido
O carro onde estava a deputada estadual e delegada Martha Rocha (PDT-RJ) foi atingido por tiros na manhã deste domingo (13) na Rua Belisário Pena, Penha, na Zona Norte do Rio. Ela não se feriu. O motorista do veículo, que é subtenente reformado da Polícia Militar, foi baleado na altura do tornozelo e foi levado para o Hospital Getúlio Vargas. Ele recebeu atendimento e foi liberado.
Na Delegacia de Homicídios da capital, Martha Rocha afirmou que recebeu a informação de que era ameaçada por milicianos.
“Eu recebi uma notícia do Disque Denúncia, mais precisamente três notícias, de uma ameaça dirigida a mim. A informação era de que um segmento da milícia planejava atingir algumas autoridades e o meu nome vinha especificado”, destacou a parlamentar.
A partir disso, Martha Rocha contou que participou de reuniões com autoridades do Estado do Rio de Janeiro, entre elas o general Braga Netto, então interventor na segurança pública, para avaliar o risco que sofria. Com base nisso, ela comprou um carro blindado, que era o que estava utilizando na hora do crime.
Ela estava indo para a igreja em companhia da mãe quando o veículo foi interceptado por um utilitário branco. Um homem vestindo capuz e portando fuzil desceu do veículo e atirou.
“Saí da casa da minha mãe por volta das 9h05 para ir a uma missa. Minha mãe tem 88 anos de idade, tem pouca mobilidade e senta no banco da frente. Eu sento no banco atrás do carona. Nesse momento, o motorista reduziu a velocidade do veículo e logo em seguida eu percebi um olhar de preocupação dele”, revelou Martha Rocha.
Ela conseguiu ver, no carro de trás, um homem armado com um fuzil. “Diante daquela cena, o motorista acelerou o carro, mas este carro emparelhou com o nosso carro e eu pude ver que a pessoa que estava no banco do carona botou todo o seu tronco pra fora, o que me permite dizer que era um homem alto. Ele estava com uma roupa toda preta, de luvas pretas e de balaclava no rosto. Ele fez disparos contra o veículo que eu estava”.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios (DH) da capital, pois se trata de uma parlamentar e ex-chefe de Polícia Civil. A Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) também está no caso.
MP lamenta ataque
Em nota, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, disse que lamenta o ataque a tiros sofrido pela deputada estadual Martha Rocha, na Penha.
“O atentado configura-se num ato de extrema gravidade, sobretudo por tratar-se, mais uma vez, de uma parlamentar, o que representa uma tentativa de intimidação e ameaça ao Estado Democrático de Direito. O MPRJ manifesta a sua solidariedade à deputada e a seu motorista ferido e esclarece que acompanhará com rigor a condução das investigações policiais, a cargo da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, assim como coloca à disposição das autoridades do Estado suas equipes de investigação para a completa elucidação do caso da forma mais célere possível como exige a gravidade da situação”, disse o texto do MP.