Antes de votar, não deixe de ler os livros “O nobre deputado”, e “República das propinas”, de Marlon Reis, são leitura obrigatória neste 2018


Antes de votar, não deixe de ler os livros “O nobre deputado”, e “República das propinas”, de Marlon Reis, são leitura obrigatória neste 2018

Liberato Póvoa

Todo eleitor consciente não pode prescindir da leitura dos livros “O nobre deputado” e “República das propinas”, do ex-juiz eleitoral do Maranhão, o jovem ex-magistrado tocantinense Marlon Reis, com pouco mais de 45 anos, que demonstra muita competência e profundo conhecimento desta nossa política nojenta em que vivemos.

Um dos criadores da “Lei da Ficha Limpa” e também um dos fundadores do “Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE)”, Marlon Reis, que pontifica nas pesquisas de pré-cadidatos ao governo do Tocantins, é de Pedro Afonso-TO, mas trabalhou quase vinte anos como juiz eleitoral, adotando a lei eleitoral como sua prioridade maior.

Leu mais de mil sentenças e fez estudos internacionais, dedicando-se também ao direito comparado na área eleitoral, sendo talvez a maior autoridade brasileira em compra de votos e outras fraudes ocorrentes neste nosso pobre e espoliado país.

E desse estudo produziu um romance-verdade, “O nobre deputado”, que, segundo o autor, “não é bem uma ficção; é uma trama baseada num realismo nada fantástico’. Publicado em 2014, ”O nobre deputado” retrata o personagem fictício Cândido Peçanha. Inicialmente, convêm destacar que a resenha descrita é sobre o livro u201cO Nobre Deputadou201d de Márlon Reis, que é juiz de Direito e foi um dos fomentos na coleta de assinaturas que acarretou na Lei da Ficha Limpa,

O autor, na introdução do livro, se expõe como um entrevistador que dialoga com um senador que esteve por dois anos na prisão pela acusação de homicídio e envolvimento com o narcotráfico. Depois de um determinado tempo de conversa o senador acaba por relatar que os resultados das eleições brasileiras, segundo ele, são definidos antes mesmo da votação e até mesmo das aberturas das urnas, sendo que o voto e a intenção do eleitor não influenciam em nada, são completamente desconsiderados. Somente o que é levado em conta é o dinheiro arrecadado para a compra de votos.

Diante disso, o autor instiga-se a fazer mais entrevistas sobre o tema, com políticos e pessoas envolvidas com a política de diferentes lugares do país, para verificar se o mesmo se repetia em todo o território nacional e também para confrontar as provas coletadas em processos judiciais que tramitam em tribunais de diversas partes do país.

Ele afirma que houve coerência entre os depoimentos de pessoas que vivem em diferentes Estados, sem possuírem qualquer vínculo e nem se conhecerem, sendo que, ao responder um questionário padronizado, elas acabaram por referirem-se as mesmas práticas, detalhadamente.

Neste diapasão, o autor cria um personagem fictício denominado Cândido Peçanha, para que fique assegurado o anonimato dos entrevistados e para contar, com detalhes, os meandros políticos brasileiros. Cândido é exposto como deputado eleito que satiriza o termo eleitor, pelo fato de o sistema eleitoral brasileiro ser uma grande farsa, onde quem tem mais dinheiro para arrecadar na campanha é quem assegurada a eleição, independente de votos e da vontade do eleitor, sendo este totalmente enganado nesse sistema.

A política, segundo prova o livro, é movida a dinheiro e poder, já que um compensa o outro, o que acaba por formar um verdadeiro circulo vicioso de completa corrupção. Afirma ainda que é disso que se tratam as eleições: o poder atrai o dinheiro que vai levar os candidatos aos seus respectivos cargos, e consequentemente, ao poder.

Por trás das conquistas de cargos políticos existe muita manipulação, opressão, corrupção, imoralidade e ilegalidade, sendo que o dinheiro fica no núcleo deste complexo processual da política, sendo que, na busca pelo poder, com recursos financeiros, votos são comprados, pessoas são influenciadas e alianças são feitas e desfeitas.

O autor, corajosamente e num estilo fluente e simples, desmascara a política brasileira, trazendo ao leitor um relato impactante e, infelizmente, verdadeiro sobre as engenhosidades corruptas do sistema eleitoral, desrespeitando e arruinando a democracia, instituto que deveria ser alicerce fundamental em toda a política no Brasil.

Por sua vez, “A República da Propina” escancara como ocorrem as compras de voto pelo Brasil. São casos que, de tão reais, parecem absurdos, mas que em cidades pequenas aparentam ser bem comuns. Quem vive em grandes cidades certamente ficará muito chocado e incrédulo, uma vez que estamos acostumados a lidar com denúncias grandes, como aquelas investigadas pela Polícia Federal.

Você vai ler a história de um candidato que retirou a caixa d´água de uma eleitora depois de descobrir que ela fazia campanha para outro candidato. Parece ficção, mas isso realmente acontece por aí.

A história é fluida e tranquila. Não tem nada de assunto complexo, com leis e casos difíceis de resolver. Trata da vida de um homem que tinha boas intenções, que lidou com gente humilde, que conheceu a realidade de famílias pobres, mas que acabou deixando-se envolver com a questão financeira e influências políticas.

A mensagem que o livro passa é muito importante, ainda mais nos dias atuais em que a política está bem desacreditada, mas que os eleitores também são grandes responsáveis pelos corruptos. Pensar em si e não na coletividade é um dos principais motivos pelos quais acontecem as compras de votos. É uma questão simples: se tem quem venda, tem quem compre.

“A República da Propina” traz uma reflexão a respeito das mínimas atitudes do cidadão que faz com que ele contribua imensamente para várias coisas erradas que acontecem no Brasil, não só de hoje. Não só pessoas comuns, mas ele mostra como pessoas influentes, como pastores e blogueiros, que não estão comprometidas com o que deveriam estar, também fazem o trabalho sujo. É uma leitura que eu recomendo a todos aqueles que pensam que um voto não faz diferença.

(Publicado no “Diário da Manhã de 11/05/2018

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