Funcionários de João de Deus tinham conhecimento de abusos’, diz MP de São Paulo

Funcionários de João de Deus tinham conhecimento de abusos’, diz MP de São Paulo

Pelo menos metade das vítimas ouvidas na capital paulista relataram conivência com atos do líder espiritual
O médium João de Deus: mais de 300 mulheres escreveram para o Ministério Público Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
O médium João de Deus: mais de 300 mulheres escreveram para o Ministério Público Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo

SÃO PAULO – Pelo menos dez mulheres ouvidas pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) afirmaram que um grupo de funcionários do médium João de Deus era conivente com os abusos sexuais cometidos durantes as sessões espirituais em Abadiânia, Goiás.

Em tese, o Código Penal prevê penalidades também para quem participa ou coopera com qualquer tipo de crime, na medida de sua culpabilidade. A teoria é citada no artigo 29, que trata do “concurso de pessoas”.

Os relatos são colhidos por uma força-tarefa montada em São Paulo para dar suporte às investigações do caso, sob responsabilidade do Ministério Público de Goiás. Os abusos do líder espiritual foram revelados pelo GLOBO e pelo programa “Conversa com Bial”, da TV Globo.

— Das 21 vítimas que ouvimos até aqui, praticamente metade mencionou que pessoas que trabalhavam há muito tempo no templo tinham conhecimento do que ocorria e nada faziam para evitar os abusos. Não podemos falar sobre providências a serem adotadas em relação a esses funcionários, pois a investigação está a cargo dos colegas em Goiás. Mas estamos repassando todas as informações adiante — disse a promotora de São Paulo, Gabriela Manssur.

De acordo com os relatos, os abusos ocorriam em uma sala reservada apenas em momentos de atendimento individualizado. Se havia uma terceira pessoa no local, ela era orientada a ficar com os olhos fechados ou mesmo vendados.

O médium João de Deus, na quarta-feira, em frente à Casa Dom Inácio Loyola, onde atende, em Abadiânia Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
O médium João de Deus, na quarta-feira, em frente à Casa Dom Inácio Loyola, onde atende, em Abadiânia Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Pelo menos quatro funcionários que não ficavam nesta sala, mas eram próximos ao médium e suspeitos de saberem do que ocorria, já foram identificados pelo MP de São Paulo. Os nomes não foram divulgados.

Pelo menos duas dezenas de mulheres marcaram depoimentos para a próxima semana em São Paulo. Há previsão para que este trabalho se estenda também no mês de janeiro, depois do recesso judicial. O MP paulista abriu um canal de denúncias por e-mail, o endereço para envio de mensagens é  [email protected] . Nesta sexta, a Justiça de Goiás determinou a prisão preventiva de João de Deus.

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