Polícia Federal prende ex-presidente Michel Temer e ex-ministro Moreira Franco

Polícia Federal prende ex-presidente Michel Temer e ex-ministro Moreira Franco

  • Há 56 minutos
Michel TemerDireito de imagemAFP/GETTY IMAGES
Image captionJuiz federal autoriza prisão do ex-presidente Temer

O texto foi atualizado às 12h29.

O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) foi preso em São Paulo na manhã desta quinta-feira (21) em um desdobramento da Operação Lava Jato. Não há informações oficiais sobre as acusações que levaram à prisão, autorizada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro.

Na mesma operação, também foi preso o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência do governo Temer, Moreira Franco, também do MDB.

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O advogado Brian Alves, que representa Temer, disse à BBC News Brasil que ainda não teve acesso à decisão judicial e, por isso, desconhece no momento o motivo de sua prisão.

“Após ter acesso, vamos avaliar se pediremos um habeas corpus”, disse Alves.

Em nota, o MDB lamentou as prisões e o que chamou de “postura açodada da Justiça” em relação a Temer e Moreira Franco. “O MDB espera que a Justiça restabeleça as liberdades individuais, a presunção de inocência, o direito ao contraditório e o direito de defesa”, concui o texto.

O que pesa contra Temer?

Temer deixou o governo como alvo de três denúncias criminais – todas serão foram à primeira instância ao fim do mandato.

As duas primeiras foram feitas pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tiveram origem na delação de executivos da JBS e acusam Temer e aliados de receber propinas de empresas beneficiadas por decisões do governo ou contratos públicos.

Em uma delas, o ex-presidente é acusado de chefiar uma organização criminosa (conhecida como “quadrilhão do MDB”) e de tentar obstruir a Justiça comprando o silêncio de Eduardo Cunha, ex-deputado do partido que está preso. Na outra, é acusado de corrupção passiva no caso da mala de dinheiro recebida pelo ex-assessor Rodrigo Rocha Loures.

Na terceira denúncia, apresentada pela atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge, Temer é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em inquérito que apura um esquema criminoso no setor de portos.

O ex-presidente nega todas as acusações e se diz vítima de uma perseguição.

Questionado por jornalistas se temia ser preso ao deixar o Planalto e perder o foro privilegiado garantido pelo cargo de presidente, Temer se mostrava ofendido.

“Não estou preocupado com esse assunto. Até porque chicotear o presidente é uma coisa. Já o ex-presidente já não vai ter muita graça”, disse à revista Época no fim do ano passado.

Vítima de ‘trama’

O ex-presidente Michel Temer afirmava, em discursos e entrevistas, ser vítima de uma “trama”.

Temer chegou à Presidência em maio de 2016 após o afastamento de Dilma Rousseff e deixou o poder em 1º de janeiro deste ano com apenas 5% de aprovação popular.

Sua derrocada teve início em março de 2017 quando recebeu o empresário da JBS Joesley Batista no Palácio do Jaburu.

Michel Temer coordena a última reunião ministerial de seu governo, no Palácio do PlanaltoDireito de imagemANTONIO CRUZ/ AGÊNCIA BRASIL
Image captionPresidente comanda a última reunião ministerial de seu governo, em dezembro

Em gravação feita pelo executivo entregue à Lava Jato, o presidente é ouvido falando “tem que manter isso aí, viu?”, sobre a boa relação de Joesley com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que já estava preso em Curitiba.

O executivo registrou a conversa para usá-la em uma delação premiada, e a Procuradoria-Geral da República acusou Temer de dar aval para uma mesada ao ex-deputado. Depois, a legalidade do acordo de delação foi posta em xeque quando veio à tona indícios de que o procurador da República Marcelo Miller, ligado a Rodrigo Janot à época, teria orientado as ações de Batista.

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