ANÁLISE ELEIÇÕES 2018 DATAFOLHA Eleitor-pêndulo aumenta após prisão de Lula Grupos extremos, tanto contrários como favoráveis ao ex-presidente, caem em pesquisa e voto menos radical cresce


ANÁLISE ELEIÇÕES 2018 DATAFOLHA
Eleitor-pêndulo aumenta após prisão de Lula
Grupos extremos, tanto contrários como favoráveis ao ex-presidente, caem em pesquisa e voto menos radical cresce

15.abr.2018 às 0h01

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Mauro PaulinoAlessandro Janoni

Um resultado que bem representa o impacto da prisão de Lula (PT) sobre o cenário eleitoral deste ano está nos dados da primeira pergunta aplicada pelos pesquisadores do Datafolha junto aos eleitores brasileiros na última semana. Nas respostas espontâneas, sem o estímulo do cartão que contém os nomes dos candidatos, menções ao ex-presidente caem quatro pontos percentuais em relação ao levantamento de janeiro.

No entanto, os demais candidatos não crescem —oscilações são observadas dentro da margem de erro e a grande maioria dos entrevistados não cita nomes. Dentre eles, 21% dizem que votarão em branco ou nulo, um patamar inédito em pesquisas eleitorais a seis meses do pleito.

A tendência se repete nas intenções de voto estimuladas, com a apresentação dos candidatos. Os brancos e nulos, sem Lula na disputa, são mais citados do que os líderes Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede). Onipresentes nas manifestações contra a prisão do petista, apresentados pelo ex-presidente como seus herdeiros, Manuela D´Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL) não ultrapassam, por enquanto, 3% das menções cada. Também as alternativas “caseiras”, Fernando Haddad e Jaques Wagner não se saem melhor.
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Lula tem prisão decretada – Veja repercussão


























































Militante chora após discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Sindicato dos Metalúrgicos, durante missa em homenagem à ex-primeira-dama Marisa Letícia Joel Silva/Folhapress
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Os resultados das perguntas sobre o primeiro turno não permitem comparações com os da pesquisa de janeiro porque os cenários testados são diferentes, com inclusão de novas candidaturas e exclusão de outras. O patamar mais baixo de Lula nas intenções de voto sugere, mais do que arranhões à sua imagem, a percepção da maioria do eleitorado sobre sua provável inelegibilidade e consequente impugnação de sua candidatura.

Alguns dados evidenciam isso. Nas intenções de voto que possibilitam comparação, como as de segundo turno, as variações observadas revelam estabilidade. Além disso, o potencial do ex-presidente como cabo eleitoral oscila positivamente, e a rejeição à sua candidatura, ao invés de crescer com sua prisão, cai quatro pontos percentuais. A hipótese fica ainda mais clara quando se vê que, apesar de 62% acreditarem que o petista acabará fora da eleição, apenas metade dos eleitores quer que isso aconteça de fato. A outra metade da população gostaria que Lula fosse incluído na disputa.

Por essa divisão da opinião pública sobre a possibilidade do ex-presidente candidatar-se, em análise multivariada feita pelo Datafolha para monitorar o grau de afinidade dos brasileiros quanto à figura do petista, os grupos extremos, tanto anti quanto pró-Lula caem e o único segmento que cresce é o do chamado “eleitor-pêndulo”, menos radical, que não é tão fiel ao ex-presidente quanto seus entusiastas, mas também não o rejeita como seus detratores.

Com a prisão do petista, a queda do segmento pró-Lula é observada entre os moradores de regiões metropolitanas, especialmente da região Centro-Oeste do país e entre os que possuem o nível médio de escolaridade. Em contrapartida o episódio fez cair a participação do conjunto anti-Lula entre os mais velhos, mais pobres e menos escolarizados, especialmente em cidades do interior. O “eleitor-pêndulo” cresceu em participação especialmente entre os que têm mais de 60 anos de idade e entre os que moram na região Norte.

Entre os anti-Lula (31% dos brasileiros), não há alterações significativas nas intenções de voto quando o petista é excluído da disputa. Bolsonaro chega a alcançar 32% no estrato, enquanto nomes como Joaquim Barbosa (PSB), Marina Silva e Geraldo Alckmin aparecem em bloco na segunda colocação, próximos a 10%, cada, com vantagem para o ex-ministro do STF que chega a 14% no segmento.

Entre os pró-Lula (32% dos brasileiros), a saída do ex-presidente da disputa alavanca os brancos e nulos, mas entre os candidatos, Marina é a mais beneficiada, seguida por Ciro Gomes (PDT). Manuela, Boulos, Haddad ou Wagner são timidamente citados, com taxas que não ultrapassam 4%.

Entre os eleitores-pêndulo (37% do total), os votos brancos e nulos também crescem, mas as intenções de voto pulverizam-se entre os diversos candidatos, com destaque para Bolsonaro e Marina. Por ser um estrato que majoritariamente não vota em Lula no primeiro turno, mas tende a elegê-lo no segundo, apresenta-se bastante aberto a outros candidatos. São os que devem aguardar mais tempo para decidir e os que definirão a eleição.

Uma estratégia para atrair o segmento é evitar a radicalização do discurso, tão explícito de lado a lado no episódio da prisão do ex-presidente.
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Presidenciáveis 2018





















O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) Ueslei Marcelino/Reuters
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Mauro Paulino é diretor-geral do Datafolha e Alessandro Janoni diretor de pesquisas do Datafolha

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comentários

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ALEXANDRE DIASHá 12 horas

Lula continua imbatível. Sem Lula, Bozonaro já está quase garantido no segundo turno, que disputaria contra Marina, Barbosa, Ciro Gomes ou Alckmin. Uma chapa Marina/Barbosa teria ótimas chances. Uma chapa Gomes/Barbosa também. Nem com todo o apoio do Partido da Justiça Alckmin decola. Sua última esperança é o tempo de TV e o apoio da mídia, bem maiores que os dos demais. RESPONDA
5 DENUNCIE

GILVANI RODRIGUESHá 14 horas

qual a margem de erro da pesquisa? RESPONDA
2 DENUNCIE

DIMAS FLORIANIHá 7 horas

A pesquisa está eivada de questões que montam o cenário proposital de que Lula é carta fora do baralho. Certamente que as perguntas que preparam a resposta do entrevistado já vêm com esse viés, introduzindo a dúvida de antemão. Bom, é de se supor que a “neutralidade” só existe no cálculo final que já em sua origem traz o defeito de como a realidade é definida de antemão!

Comentários
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