BNDES CORROMPIDO COM FRIBOI-Equipe do BNDES viajou em jatinho com Junior Friboi, diz PF

Equipe do BNDES viajou em jatinho com Junior Friboi, diz PF

Polícia Federal apreendeu fotos da viagem e aponta que imagens mostram ‘possível influência nas decisões técnicas’

AGUIRRE TALENTO
15/04/2018 – 10h00 – Atualizado 15/04/2018 10h00
José Batista Júnior, presidente da JBJ  (Foto: CClaudio Belli/Valor)José Batista Júnior, o Júnior Friboi (Foto: CClaudio Belli/Valor)
No ano de 2008, a JBS negociava a compra da norte-americana Pilgrim’s Pride, à época segunda maior processadora de frango nos Estados Unidos. Para isso, precisaria da concordância do BNDES, que detinha participação acionária na empresa dos irmãos Batista, e também de um aporte financeiro de R$ 3,5 bilhões. A Polícia Federal descobriu, na Operação Bullish, que a equipe técnica do banco responsável por autorizar o negócio viajou para os Estados Unidos em um jatinho “de luxo” na companhia do fundador da empresa, José Batista Júnior, o Júnior Friboi, que à época comandava a empresa.
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Os investigadores chegaram à informação graças à apreensão de sete fotografias dessa visita técnica de seis funcionários do BNDES à sede da Pilgrim’s Pride nos EUA. As imagens mostram os técnicos do banco viajando em um jatinho particular da JBS, acompanhados de Júnior Friboi, além de garrafas de vinho e um “jantar de luxo”, nas palavras da PF.

O parecer da equipe técnica que viajou aos Estados Unidos foi favorável à compra da Pilgrim’s Pride. Ouvidos pela PF, funcionários do BNDES negaram que houvesse qualquer orientação superior para aprovação do negócio e afirmaram que é procedimento padrão do banco a realização dessas visitas técnicas.

Em seu relatório, porém, a PF aponta que houve um “tratamento diferenciado” aos funcionários do banco na viagem. “Isso mostra que é possível a influência da empresa JBS nas decisões técnicas dos funcionários do BNDES, haja vista a proximidade e o acesso mostrado nestas fotografias”, escreveu a PF.

Questionada sobre as investigações da Bullish, a JBS afirmou, em nota, que os aportes “seguiram estritamente a legislação” e não deram prejuízo ao BNDES. “Em 2015, o banco vendeu parte de suas ações a cerca de R$ 15 cada uma – valor 84% ao superior ao do investimento”, informou a JBS. Joesley disse que informou tudo que sabia em sua delação e que segue à disposição das autoridades.
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