‘O Estado Islâmico destruiu tudo na minha vida, e estou salvando os filhos deles’

‘O Estado Islâmico destruiu tudo na minha vida, e estou salvando os filhos deles’

18 abril 2018

A iraquiana Sukayna Muhammed Ali Younes vem se dedicando a cuidar de órfãos, alguns deles deixados por integrantes do grupo autodenominado Estado Islâmico, em sua casa em Mossul, no Iraque.

Mas a tarefa não é fácil: ela recebe ameaças de ambos os lados, tanto de quem critica quanto de quem defende a organização extremista.

“O Estado Islâmico destruiu tudo na minha vida, e agora estou ajudando os filhos deles”, resume.

Antes de forças do governo iraquiano retomarem o controle de Mossul, há nove meses, a casa de Sukayna foi invadida por militantes do EI, que a transformaram em seu QG.

Na porta, pode-se ler: “Propriedade do Estado Islâmico (EI) 2014”.

“Eles produziram bombas aqui e cavaram sepulturas no quintal da casa ao lado”, diz ela.

Sukayna fugiu pouco antes de ter a casa invadida. Agora, de volta à cidade, ela acolhe crianças órfãs, algumas das quais seriam filhas de combatentes, como Janat, de dois anos.

Ela foi encontrada vagando sozinha em um campo de milhares de desabrigados.

“Ninguém sabia quem ela era. Seu cabelo estava comprido e cheio de caspa, então o cortamos”, diz Sukayna.

“Os pais dela talvez sejam estrangeiros, turcomanos ou yazidis – não sei.”

“Se alguém vier buscá-la nos próximos meses, vai ser bom. Mas se os pais dela estão mortos, ela vai ficar sozinha.”

A iraquiana usa as redes sociais para tentar achar os pais das crianças que passou a abrigar.

Mas algumas pessoas não gostam do que ela vem fazendo.

“As pessoas me ligam e dizem: ‘São crianças do EI. Por que você está postando fotos delas?'”, diz.

“‘O EI matou nossas crianças. Deixe-as no orfanato, que as famílias delas sofram'”, acrescenta.

Ela diz receber ameaças.

“Há pessoas que ainda acreditam nesta ideologia (do EI). Recebo mensagens no Facebook me acusando de trabalhar para o governo contra eles. Eles dizem que o dia de eu prestar contas vai chegar em breve”, conta.

Mas Sukayna não se deixa intimidar.

Ela acredita poder manter a si mesma e estas crianças seguras.

Mas seu principal objetivo é encontrar uma casa para elas.

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